24 ago, 2023 - 07:39 • Lusa
O ex-presidente norte-americano Donald Trump deverá entregar-se esta quinta-feira às autoridades do estado da Georgia, no âmbito de um processo criminal em que é acusado de tentar reverter a sua derrota nas eleições presidenciais de 2020.
Na terça-feira, o antigo governante norte-americano (2017-2021) deu essa garantia através de uma mensagem publicada na sua rede social (Truth Social).
Na mensagem, Trump afirmou que a sua “viagem” (nesta quinta-feira) à cidade de Atlanta não ia ser por ter cometido qualquer homicídio, mas por ter “feito uma chamada perfeita”.
O ex-presidente referia-se a um dos principais trunfos da acusação: a gravação em que Trump, a 2 de janeiro de 2021, pede ao secretário de Estado da Georgia, Brad Raffensperger, para “encontrar” votos suficientes para vencer naquele estado, com o intuito de afastar o então candidato presidencial democrata, o atual presidente Joe Biden, da Casa Branca.
Após entregar-se às autoridades, Trump deverá ser libertado da prisão do condado de Fulton, em Atlanta, depois de ter ouvido os termos da acusação e concluídos os procedimentos judiciais, mediante a prestação de uma caução de 200.000 dólares (cerca de 184 mil euros).
O ex-Presidente norte-americano Donald Trump fez esta quarta-feira duras críticas às quatro acusações criminais de que é alvo e não descartou a possibilidade de uma guerra civil nos Estados Unidos.
“Há um nível de paixão que nunca vi e um nível de ódio que nunca vi”, afirmou Trump. “E essa é uma má combinação”, considerou, dizendo não saber se isso levará a violência nas ruas.
Donald Trump falava numa entrevista pré-gravada com Tucker Carlson, conhecido apresentador de extrema-direita que foi despedido pela Fox News em abril, transmitida na rede social X (antes conhecida como Twitter) em competição com o debate republicano, ao qual Trump faltou.
“O 6 de janeiro foi um dia muito interessante”, indicou o ex-presidente, referindo-se à invasão violenta do Capitólio que resultou na morte de quatro pessoas. “Foi a maior multidão para quem falei”, continuou, lembrando que muita gente que participou disse que foi “o dia mais bonito” que alguma vez tiveram.
“Nunca vi tanto amor”, frisou Trump, sobre a tentativa de insurreição que resultou em centenas de condenações judiciais e está na raiz de uma das acusações que pesam agora sobre o ex-Presidente.
Esse foi um dos temas quentes discutidos por Carlson e Trump, que criticou o Departamento de Justiça e os procuradores à frente das acusações.
É uma horrível procuradora-geral essencialmente de Atlanta, condado de Fulton”, caracterizou Trump, referindo-se a Fani Willis e classificando a acusação na Geórgia como um ataque ao seu direito a criticar os resultados da eleição de 2020.
“Eles não têm casos de jeito contra mim. Até os democratas o dizem”, alegou Trump, depois de ter chamado as acusações de “tretas”.
É por isso, considerou, que a sua posição nas sondagens tem melhorado desde que os processos começaram. “Estou tão acima nas sondagens porque as pessoas percebem que é uma fraude”, afirmou.
O candidato à nomeação republicana disse que o Departamento de Justiça está a ser usado como arma contra si e acusou o atual Presidente, Joe Biden, de corrupção e incompetência.
“O desonesto Biden é tão mau, é o pior presidente da História, é tão corrupto”, afirmou Trump, sem dar pormenores da alegada corrupção, mas chamando-lhe “o verdadeiro candidato da Manchúria” e considerando que está comprometido pela China.
Trump também criticou o estado físico e mental de Biden, dizendo que “não consegue levantar uma cadeira na praia” e mal consegue “dizer duas frases seguidas”.
Na entrevista transmitida cinco minutos antes do início do debate republicano em Milwaukee, que opôs oito candidatos à nomeação presidencial pelo partido, Trump voltou a dizer que ganhou a eleição em 2020 e que a vitória lhe foi roubada pelos democratas.
Tucker Carlson questionou Trump, mais que uma vez, se tinha medo que o tentassem assassinar.
“Eles são animais selvagens, pessoas doentes”, classificou Trump, dizendo logo de seguida que a maioria das pessoas neste país é fantástica, mas que estas odeiam a nação.