30 ago, 2023 - 23:25 • Redação
O Presidente do Chile, Gabriel Boric, deu luz verde a uma operação nacional para investigar o desaparecimento e a morte de milhares de pessoas durante a ditadura militar do general Augusto Pinochet, entre 1973 e 1990.
O novo plano de busca nacional é conhecido antes do 50.º aniversário do golpe que derrubou o Governo do socialista Salvador Allende.
Esta iniciativa marca a primeira vez desde o fim do regime de Pinochet em que um Governo faz um esforço para encontrar os desaparecidos. Até agora, os esforços eram suportados apenas pelas famílias.
“Foi o Estado que os levou, e é da responsabilidade do Estado restituir a justiça e continuar as buscas”, disse o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos chileno, Luis Cordero, em entrevista ao The New York Times (acesso pago).
Jimmy e Maria Angelica foram vítimas de uma rede d(...)
Um destes casos de persistência das famílias permitiu encontrar os restos mortais de Fernando Ortíz, 36 anos depois do desaparecimento. O professor foi preso em 1976, juntamente com outros líderes comunistas, e enviado para um centro de tortura cuja localização permaneceu desconhecida por três décadas.
Ortíz foi uma das 1.469 pessoas que desapareceram durante o regime militar do Chile, entre 1973 e 1990. Apenas 307 dessas pessoas foram encontradas e identificadas, até agora.
Durante décadas, o sistema judiciário do Chile ficou paralisado por uma lei de amnistia da era Pinochet que impedia o julgamento dos responsáveis por abusos dos direitos humanos cometidos entre 1973 e 1978. Só em 2000 deixou de ser aplicada essa amnistia e foram chamados juízes especiais para analisar esses crimes. Desde então, o Supremo Tribunal emitiu cerca de 640 decisões, enviando centenas para a prisão, e tem 17 juízes dedicados exclusivamente a cerca de 1.500 casos, em janeiro de 2023.
Os casos de prisões, tortura, desaparecimentos e mortes aconteceram noutros países da América Latina, nas décadas de 70 e 80 do século passado, naquela que ficou conhecida nos livros de História como a Operação Condor.
Equipas forenses na Argentina recuperaram mais de 1.400 corpos e identificaram 800 deles. No Brasil, os esforços para encontrar 210 pessoas desaparecidas tiveram poucos resultados. Encarregue de encontrar e identificar 336 desaparecidos, uma agência do Paraguai descobriu apenas 34.