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Mobilidade sustentável

Afinal, as trotinetas elétricas não terão sempre Paris

01 set, 2023 - 13:01 • João Pedro Quesado

A capital francesa foi a primeira cidade europeia a acolher o ziguezague das trotinetas. Mas a relação com os parisienses nunca foi pacífica, e um referendo em abril assegurou o fim destes veículos em Paris.

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As trotinetas elétricas deixaram, esta sexta-feira, de ter autorização para circular em Paris, a primeira cidade europeia a abrir o mercado livre do aluguer de trotinetas, em 2018. A proibição entra em vigor depois de um referendo aos parisienses e é uma tentativa de “acalmar” as ruas.

Em abril, a cidade realizou um referendo em que perguntou aos habitantes de Paris se as trotinetas deviam permanecer em operação no centro da cidade. 89% dos 103 mil cidadãos que foram votar - nem sequer 8% dos inscritos - disseram que não.

Anne Hidalgo, a presidente da câmara de Paris, fez campanha pelo “não” às trotinetas e cumpriu, agora, a promessa de respeitar a opinião dos parisienses. Lime, Dott e Tier, as três operadoras que ficaram em Paris depois das regras serem apertadas, em 2020, viram assim os seus contratos expirar a 31 de agosto.

Os contratos permitiam a circulação de 15 mil trotinetas na capital francesa, mas estes veículos começaram a tornar-se uma preocupação de segurança. Em 2022, de acordo com os números da Reuters aquando do referendo de abril, morreram pelo menos três pessoas em mais de 450 acidentes com trotinetas elétricas em Paris.

Ao Le Monde, o vice-presidente da autarquia de Paris, David Belliard, declarou que optaram pela “simplificação”, com o objetivo de ter um “espaço público mais calmo e menos desordenado”.

Entre os motivos para a opção estarão o “sentimento de insegurança” entre os peões, especialmente os idosos, o estacionamento errático - apesar das regras que as plataformas eram obrigadas a cumprir -, e a circulação frequentemente desordenada.

A substituir as trotinetas de aluguer estarão bicicletas elétricas, também da Lime, Dott e Tier, que se juntam às da rede pública municipal de aluguer, a Vélib.

Paris tinha sido a primeira cidade europeia a adotar o mercado de aluguer de trotinetas elétricas, efetivamente abrindo um novo capítulo na mobilidade citadina. Durante cinco anos, a utilização dos veículos foi elevada, principalmente entre os jovens até aos 35 anos, mas nunca sem polémica.

Em 2020, após queixas de um uso quase anárquico das trotinetas, e proclamações de Paris se transformar numa perigosa “selva”, a cidade introduziu as regras mais apertadas do mundo até então.

Para além de limitar o número de operadores, a autarquia de Anne Hidalgo começou a localizar em tempo real as trotinetas, e a limitar as velocidades – algo que, três anos depois, é prática comum em todo o mundo.

Ao mesmo tempo que a circulação de trotinetas elétricas acaba, Paris anunciou a intenção de remover 40% do alcatrão da cidade, além de plantar 170 mil árvores até 2026 e de eliminar lugares de estacionamento para os transformar em espaços verdes. Também os telhados tipicamente pretos dos edifícios parisienses poderão ter os dias contados.

Entretanto, as trotinetas que já não podem circular na capital francesa já têm destino. Depois de reparadas, seguem para outras cidades e países - desde Lille a Israel, passando por Londres e pela Bélgica.

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