01 set, 2023 - 13:50 • Marta Pedreira Mixão com agências
A Guarda Costeira argelina matou a tiro dois de quatro turistas que se encontravam de férias em Marrocos e que terão inadvertidamente entrado em águas argelinas enquanto andavam de mota de água, foi noticiado esta sexta-feira.
Os dois turistas de dupla nacionalidade franco-marroquina, Bilal Kissi e Abdelali Merchouer, encontravam-se na estância balnear de Saïdia, em Marrocos, e foram abatidos depois de terem entrado em águas argelinas. Um terceiro homem, Smail Snabe, também franco-marroquino, foi detido pela Guarda Costeira argelina, que patrulha a fronteira fechada entre os dois países.
As duas nações têm uma longa história de tensão, ligada às reivindicações de Marrocos sobre o Sahara Ocidental, e a fronteira entre os dois países foi encerrada em 1994 por "razões de segurança", depois de militantes islâmicos terem bombardeado um hotel em Marraquexe. Em 2021, a Argélia cortou relações com Marrocos, depois de acusar o país de "atos hostis".
“Perdemo-nos, mas continuámos até nos encontrarmos na Argélia”, disse Mohamed Kissi, sobrevivente e irmão de Bilal Kissi, uma das vítimas. “Sabíamos que estávamos na Argélia, porque um barco preto argelino veio na nossa direção” e os que estavam a bordo “dispararam contra nós”, relatou, referindo ainda que o seu grupo estava sem combustível.
“Não fui atingido, mas mataram o meu irmão e o meu amigo e prenderam o meu outro amigo”, acrescentou.
Kissi negou que o grupo tivesse tentado fugir quando foi avistado pela Guarda Costeira, referindo aos meios de comunicação locais que o seu irmão tentou falar com os oficiais antes de ser baleado.
"Cinco balas atingiram o meu irmão e o meu amigo. O meu outro amigo foi atingido por uma bala", contou Kissi, explicando que tentou nadar de volta para Saïdia, mas que acabou por ser recolhido pela Marinha marroquina.
O homem detido pela Guarda Costeira argelina terá sido presente a um procurador na quarta-feira, mas até ao momento não foram conhecidos mais pormenores sobre o caso.
Um porta-voz do Governo marroquino recusou-se a comentar o tiroteio, dizendo à AFP que se trata de "um assunto do foro judicial". A Argélia ainda não comentou o incidente.