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Eurodeputados criticam postura da NATO sobre Ucrânia

07 set, 2023 - 16:59 • Lusa

Maioria dos eurodeputados do Comité de Negócios Estrangeiros do Parlamento Europeu critica forma como a NATO tem gerido a invasão da Ucrânia.

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Os eurodeputados criticaram nesta quinta-feira as declarações do secretário-geral da NATO sobre a guerra na Ucrânia e o apoio àquele país invadido, a falta de atenção a outras partes do planeta e a redefinição da estratégia para a China.

Jens Stoltenberg participou na reunião desta quinta-feira do Comité de Negócios Estrangeiros do Parlamento Europeu (PE) e, apesar de uma ou outra voz de apoio, a maioria dos eurodeputados criticou a maneira como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) está a gerir a invasão que começou há mais de um ano e meio.

A eurodeputada irlandesa Clare Daly, do grupo político The Left (Esquerda Unitária Europeia e Esquerda Nórdica Verde), disse que as declarações de Jens Stoltenberg sobre o progresso da Ucrânia na contraofensiva estão erradas: "Isso não é verdade. A Ucrânia perdeu território, meio milhão de homens (militares) morreram, há homens a pagar para sair do país, outros escondidos em casa... Esta é agora uma guerra de atrito e é cruel continuá-la".

O eurodeputado polaco Witold Jan Waszczykowski, dos Conservadores e Reformistas Europeus, considerou que a cimeira da NATO em Vilnius "foi boa, mas não foi tão boa quanto a de Varsóvia" (2016), e que não houve decisões concretas, nomeadamente para aumentar o número de tropas da Aliança Atlântica no flanco leste e que "não há um comando regional da NATO" para defender o território que está mais próximo da Rússia.

Já o espanhol Antonio López-Istúriz White, do Partido Popular Europeu, pediu mais atenção para o flanco sul e para a atividade de organizações que estão a operar em África, aludindo à presença do grupo mercenário Wagner naquele continente e cuja estabilidade geopolítica está a deteriorar-se.

A crítica mais dura chegou pela intervenção do eurodeputado Mick Wallace, do The Left, que considerou que o secretário-geral da Aliança Atlântica "ridicularizou" o plano de paz apresentado por Pequim, em fevereiro: "Disse que a China não tem credibilidade".

Depois de a China apresentar este plano, Jens Stoltenberg disse que Pequim foi incapaz de condenar a invasão russa e, por isso, "não tem muita credibilidade".

Mick Wallace condenou o "imperialismo ocidental" dos Estados Unidos que a NATO acompanha, nomeadamente a redefinição da estratégia para a China - que a União Europeia também quer reenquadrar.

"Como é possível subverter uma ordem mundial que não tem Constituição ou bases na lei internacional? Porque é que a NATO e os membros da NATO violaram repetidamente a lei internacional? Jugoslávia, Iraque, Afeganistão, Síria, Líbia, por exemplo... Há 40 anos que a China não invade ilegalmente ou bombardeia um país soberano. Os Estados Unidos dificilmente deixaram de o fazer nos últimos anos", criticou.

Para o eurodeputado, só a diplomacia pode resolver o conflito na Ucrânia e outras questões que estão a fazer oscilar a geopolítica internacional.

Iniciar a contraofensiva foi decisão da Ucrânia, diz Stoltenberg

"Sabíamos que ia ser uma contraofensiva sangrenta e difícil", começou por responder o secretário-geral da NATO: "Há camadas de linhas defensivas (russas), com trincheiras, obstáculos, dentes de dragão (estrutura piramidal para impedir o avanço de carros de combate) e uma quantidade enorme de minas. Nunca vimos tantas minas num campo de batalha como as que vemos hoje na Ucrânia".

Jens Stoltenberg acrescentou que iniciar a contraofensiva foi uma decisão da Ucrânia.

"Decidiram fazê-lo porque querem libertar o seu território e estão a conseguir, gradualmente, reconquistá-lo, umas centenas de metros por dia", desenvolveu.

E respondeu que apoiar a Ucrânia é também apoiá-la nestas alturas.

Sobre o ceticismo em relação à eficácia da contraofensiva, Stoltenberg foi perentório: "Antigamente, a Rússia tinha o segundo exército mais forte do mundo, agora tem o segundo mais forte da Ucrânia".

Comentários
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  • Cidadao
    07 set, 2023 Lisboa 17:18
    Eu também tenho criticas a fazer à NATO e aos EUA: 1.º porque não foi estabelecida uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia nos primeiros dias de guerra, ou em alternativa, porque não foram enviadas torrentes de armas antiaéreas modernas mesmo manuseadas por militares ocidentais que impedissem que os ucranianos fossem massacrados do ar, como foram? 2.º porque não foram fornecidos em Setembro de 2022, as armas que a Ucrânia precisava para esta contraofensiva que a realizar-se nessa altura, apanharia as forças russas ainda no inicio das fortificações que agora estão a custar as vidas de muitos ucranianos? 3.º Para quando o fornecimento de misseis de longo alcance, aviões de 4ª geração, investimentos maciços na industria militar Ucraniana e sobretudo, levantar essa proibição imbecil, de as armas Ocidentais não poderem ser usadas em território russo? 4.º de que estão à espera para rodear a russia dum cordão sanitário de Países NATO fortemente armados e com guarnições suficientemente fortes para destruir qualquer tentativa de invasão russa por meios convencionais?

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