08 set, 2023 - 14:02 • Reuters
As chuvas mais intensas desde que há registo, nos últimos 140 anos, inundaram o centro de Hong Kong esta sexta-feira, provocando pelo menos duas mortes e centenas de feridos. O tempo húmido em plena época de tufões também motiva preocupação, prevendo-se o agravamento das condições meteorológicas durante os próximos dias no sul da China.
Vários vídeos mostram quedas de água em cascata em encostas, provocando a inundação de algumas ruas até à cintura e submergindo centros comerciais, estações de metro e túneis.
As condições meteorológicas extremas também provocaram o caos na cidade chinesa de Shenzhen, um centro tecnológico com mais de 17,7 milhões de habitantes. As ligações comerciais e de transportes que envolvem o delta do iio Pérolas, onde afluem vários rios, também estão a ser gravemente afetadas.
“Nunca vi um cenário como este. Mesmo durante os tufões anteriores, nunca foi tão grave. É bastante assustador", disse Connie Cheung, 65 anos, enfermeira assistente de Hong Kong.
As chuvas torrenciais foram provocadas pelo Haikui, um tufão que atingiu a província chinesa de Fujian na terça-feira. Embora mais tarde o tufão tenha enfraquecido e se tenha transformado numa tempestade tropical, as nuvens 'despejaram' grandes volumes de precipitação em áreas ainda encharcadas pelas chuvas de um super tufão ocorrido na semana anterior.
O instituto meteorológico de Hong Kong emitiu esta sexta-feira o aviso mais elevado no que diz respeito a tempestades. Segundo o gabinete, foram registados mais de 200 mm de chuva na ilha principal de Hong Kong, no distrito de Kowloon e na parte nordeste dos Novos Territórios da cidade, desde o final do dia desta quinta-feira.
O aviso foi reduzido por volta das 18 horas locais, mas as autoridades alertaram para o risco persistente de inundações. O governador da cidade, John Lee, disse estar muito preocupado com as graves inundações que afetam a maior parte do território e salientou que tinha dado instruções a todos os departamentos para darem resposta com "todos os esforços".
As escolas de Hong Kong foram encerradas pelas autoridades esta sexta-feira e os trabalhadores permaneceram em casa. A bolsa de valores da cidade também foi encerrada.
Eric Chan, secretário da administração, declarou que a rede de transportes de Hong Kong estava "gravemente perturbada" e que a "situação de condições extremas" se prolongaria até à meia-noite de sexta-feira.
A MTR Corp, empresa que gere a rede ferroviária da cidade, informou que, pelo menos, uma das linhas foi encerrada e que as outras estavam a funcionar com atrasos. Um vídeo divulgado nas redes sociais mostrava trabalhadores do metropolitano a entrar numa estação com água até à cintura.
Algumas estradas encontram-se parcialmente inundadas, incluindo uma das principais vias de acesso às praias do sul da cidade.
Há ainda imagens de um carro a ser engolido por um buraco com vários metros de largura, no momento em que uma secção da estrada ruiu.
Segundo avançou um canal de televisão local, uma das pessoa socorridas foi transportada para o hospital, mas o óbito foi declarado o óbito à chegada.
O túnel entre os portos de Hong Kong, uma das principais artérias que liga a ilha a Kowloon, também ficou inundado e um centro comercial no bairro de Chai Wan ficou parcialmente submerso.
Os operadores de barco ‘ferry’ de Macau em Hong Kong informaram que várias travessias seriam suspensas.
As inundações afetaram também animais e mais de 100 porcos de uma zona próxima da fronteira com Shenzhen morreram afogados.
A Administração Meteorológica da China informou que as chuvas fortes iriam cair até ao início de sábado nas zonas central e sudoeste da província de Guangdong.
Todas as escolas, algumas estações de metro e escritórios da cidade de Shenzhen, em Guangdong, foram encerradas.
Os registos de precipitação mostram que caíram 465,5 mm de chuva em Shenzhen num período de 12 horas, o valor mais elevado desde que há registos em 1952.
A precipitação diária na cidade situada no delta do Rio das Pérolas, que liga Hong Kong à China continental, deverá ultrapassar os 500 mm, segundo os meios de comunicação social de Shenzhen.
Vários vídeos mostraram que as áreas de entrada e saída da estação ferroviária de Shenzhen estavam inundadas, tendo sido suspensos os comboios que faziam a ligação entre a cidade e a capital da província de Guangzhou. Cerca de 100 pessoas ficaram retidas na estação.
As escolas de 10 distritos de Guangzhou foram também suspensas durante o dia ou tiveram de abrir mais tarde, enquanto a cidade de Zhuhai, perto de Macau, alertou para a ocorrência de inundações e deslizamentos de terra.
A cidade industrial de Dongguan, a norte de Shenzhen, registou as chuvas mais intensas dos últimos 15 anos.