11 set, 2023 - 12:12 • Beatriz Pereira
O violento sismo que abalou Marrocos na noite de sexta-feira afetou milhares de vidas. Em Taddart, na zona montanhosa do Atlas, umas das zonas mais afetadas pelo abalo, vive Khadija, o marido e agora a filha bebé, nascida minutos antes do terramoto. Desde aí, que os três vivem numa tenda à beira da estrada.
Khadija deu à luz num hospital em Marraquexe, minutos antes do sismo de magnitude 6,8, que já vitimou 2497 pessoas. Embora tenham saído ilesas, o hospital foi evacuado, três horas depois da mãe dar à luz.
À BBC, Khadija lembra que o hospital informou que todos tinham de sair “devido ao medo de réplicas".
Com a recém-nascida, Khadija e o marido apanharam um táxi na manhã de sábado para sua casa em Taddart, a cerca de 65 quilómetros de Marraquexe, mas as estradas bloqueadas pelos destroços do terramoto não permitiram à família chegar à habitação.
Ao invés de Taddart, acabaram por ficar pela aldeia de Asni, a cerca de 13 quilómetros.
“Não recebi qualquer ajuda ou assistência das autoridades”, disse a mãe, à BBC. "Pedimos cobertores a algumas pessoas desta aldeia para que tivéssemos algo para nos cobrir. Temos apenas Deus”, partilhou, com a filha nos braços.
A solução temporária para a estadia foi uma tenda, sem previsões de quando poderão voltar a casa, que já sabem que está "muito danificada".
Em Asni, aldeia onde a família vive desde sábado, as multidões revoltam-se contra a falta de ajuda e meios no terreno. "Não temos comida, não temos pão nem vegetais. Não temos nada", explicou um dos habitantes.
"Ninguém veio até nós, não temos nada. Só temos Deus e o rei", diz o homem que também vive à beira da estrada principal da aldeia com os seus quatro filhos desde domingo.