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Guerra na Ucrânia

Soldado britânico desertou para lutar na Ucrânia. Agora pede-se a intervenção de Zelensky

11 set, 2023 - 17:48 • João Pedro Quesado

Alexander Garms-Rizzi, filho de mãe russa, fugiu enquanto estava em missão na Estónia. Combateu na legião estrangeira da Ucrânia durante dois meses.

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Um comandante ucraniano pediu a Volodymyr Zelensky para intervir no caso do soldado britânico que foi condenado a 12 meses de prisão, após desertar a unidade militar em que estava integrado para ir combater para a Ucrânia.

Alexander Garms-Rizzi, de 21 anos, fugiu do seu regimento enquanto estava em missão na Estónia, e juntou-se à legião estrangeira da Ucrânia. O soldado passou seis meses a lutar na linha da frente, perto da cidade de Mykolaiv, antes de regressar ao Reino Unido.

Em julho, Alexander tornou-se no primeiro soldado britânico a ser preso por desertar o exército e juntar-se às forças armadas ucranianas. Em tribunal, foi alegado que o soldado desafiou ordens e criou um “risco de segurança”.

Agora, Roman Kostenko, um político e coronel das forças especiais, disse que Garms-Rizzi serviu sob o seu comando pessoal. O soldado integrou um regimento de infantaria e foi um dos dez voluntários estrangeiros que, na primavera de 2022, ajudou Kostenko a repelir um avanço russo em Mykolaiv.

“Ele chegou pouco depois da invasão. Apesar de ser jovem, era um soldado realizado”, disse Kostenko. “Falava russo fluente e serviu como tradutor. Ele partilhou a experiência militar dele connosco, incluindo como usar armas de fabrico estrangeiro”.

Garms-Rizzi, cuja mãe é russa, era “direto” quando questionado porque se voluntariou para combater pela Ucrânia, afirmou Kostenko. “Ele considerava que estava a lutar contra um grande mal. Tivemos muitas conversas sobre isso. Era um momento difícil, cedo na guerra. Ele passou dois meses connosco”.

Kostenko é um deputado pelo partido europeu Golos, e preside ao comité de informações de Parlamento ucraniano. O coronel escreveu uma carta a Zelensky, pedindo-lhe para abordar a detenção de Garms-Rizzi junto do governo britânico.

O coronel abordou o caso pessoalmente com Boris Johnson, o ex-primeiro-ministro britânico, que viajou para Kiev para uma conferência internacional. O comandante submeteu ainda uma resolução no Parlamento ucraniano, pedindo a Zelensky para agir.

Kostenko reconheceu ainda que o soldado violou a lei militar do Reino Unido, mas disse que as ações de Alexander Garms-Rizzi eram moralmente justificadas, numa altura em que a Rússia estava a bombardear cidades pacíficas e a assassinar civis.

O soldado está a cumprir a sentença num centro de detenção militar. “A ordem para não ir para a Ucrânia não poderia ter sido mais clara. A ordem foi dada para proteger as forças britânicas e o Estado de serem arrastados para o conflito”, declarou o juiz, citado pelo The Guardian.

Se Zelensky optar por abordar o caso de forma oficial, a situação pode tornar-se constragedora para o Reino Unido. Isto porque, na altura em que Garms-Rizzi desertou, Liz Truss era a ministra dos Negócios Estrangeiros – e defendeu os britânicos que viajassem para a Ucrânia para combater a Rússia.

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