13 set, 2023 - 15:47 • Sandra Afonso
A Europa é estratégica no tráfico do Médio Oriente para a Península Arábica. Em causa estão cápsulas de captagon, compostas quase exclusivamente por anfetaminas, segundo o relatório publicado esta quarta-feira pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA) e o Departamento Federal de Polícia Criminal da Alemanha.
A droga em questão é sobretudo produzida no Médio Oriente, especialmente na Síria e no Líbano, mas “existem provas da produção de comprimidos de captagon na UE, principalmente nos Países Baixos, onde grandes quantidades podem ser produzidas a pedido”.
Os últimos grandes carregamentos apreendidos na União Europeia tinham como destino “países da Península Arábica – particularmente Arábia Saudita — onde se concentram os principais mercados consumidores de captagon”. O transporte é feito principalmente através de contentores marítimos.
A droga é enviada directamente ou é descarregada na UE, onde é reembalada. No tráfico estão envolvidos, frequentemente, libaneses e sírios, alguns a residir em Estados-membros.
Há ainda indicação de que grupos armados, ligados aos regimes sírio e libanês, também estão envolvidos no tráfico de droga e que o regime de Assad está a beneficiar financeiramente destes esquemas.
Os grupos criminosos envolvidos também traficam resina de canábis e, menos frequentemente, cannabis herbacea e cocaína
Apesar das grandes remessas de captagon que estão a chegar à UE, não há registo de uma utilização significativa nos Estados-Membros. “Embora a anfetamina seja consumida na Europa, geralmente é tomada em pó ou pasta e raramente em comprimidos de captagon”, refere o comunicado.
Perante estes dados, o relatório defende ações concertadas da União Europeia, centradas em duas áreas distintas:
“A escala excecional dos carregamentos de captagono e a natureza geopoliticamente importante do comércio desta droga constituem um argumento convincente para uma resposta de segurança coordenada”, é referido no comunicado.
Esta é uma iniciativa de segurança, impulsionada pela UE, para prevenir, detetar e reagir às ameaças da criminalidade internacional grave e organizada.
O relatório baseia-se em informações fornecidas por sete países: Áustria, França, Alemanha, Grécia, Itália, Holanda e Roménia.