13 set, 2023 - 23:21 • Lusa
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, pediu esta quarta-feira aos políticos da Líbia que superem as divisões e garantam o apoio às vítimas de grandes inundações, quando a primeira ajuda começa a chegar ao país.
Para o dirigente da ONU, "é importante prestar especial atenção à proteção dos grupos vulneráveis, que correm ainda mais riscos após uma catástrofe deste tipo e os direitos humanos devem estar no centro da resposta a esta situação dolorosa".
A Líbia sofre uma grave crise sociopolítica há mais de uma década e é o maior país de trânsito de migrantes da África Subsariana que procuram chegar à Europa através do Mediterrâneo, o que os torna vítimas de exploração tanto por parte de redes de tráfico e ainda das próprias forças de segurança.
Türk lembrou que o desastre na Líbia é "mais um lembrete mortal do impacto catastrófico que uma mudança climática pode ter no mundo" e expressou a sua solidariedade para com todos aqueles que perderam entes queridos.
A ajuda internacional começa entretanto a chegar a Derna, segundo a agência EFE, enquanto as morgues colapsam devido à chegada incessante de corpos.
O chefe do Conselho Presidencial -- que exerce a função de Chefe de Estado -- Mohamed al Manfi, declarou que se trata de "uma catástrofe que excede as capacidades da Líbia" e insistiu na urgência da ajuda internacional, que começou a chegar progressivamente devido ao difícil acesso a este vale rodeado de montanhas, submerso e isolado, sem eletricidade nem telecomunicações.
A cidade costeira estava até agora inacessível por via terrestre depois de chuvas torrenciais provocarem o colapso de duas barragens, localizadas a poucos quilómetros de áreas habitadas, despejando 33 milhões de litros de água que varreram bairros inteiros e as quatro pontes que atravessam o rio Derna até ao mar.
O ministro da Aviação deste executivo, Hichem Chkiut, anunciou que é provável que 25% da cidade tenha desaparecido debaixo de água.
Mais de 30 mil habitantes ficaram deslocados só em Derna, revelou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Uma das razões para o rápido colapso daqueles reservatórios poderá estar, segundo os especialistas, no mau estado das suas infraestruturas, a falta de medidas de segurança, bem como a ausência de manutenção.
As autoridades opostas no leste e oeste do país não conseguem coordenar uma estratégia conjunta, que alguns analistas descrevem como "gestão caótica", embora ambas tenham solicitado separadamente ajuda humanitária na segunda-feira e declarado três dias de luto nacional.
No entanto, o Governo de Unidade Nacional (GNU), com sede em Tripoli (oeste) e reconhecido pela comunidade internacional, enviou um avião com 14 toneladas de abastecimentos e quase uma centena de membros do pessoal médico para a zona oriental.
Além disso, na terça-feira o Conselho de Ministros aprovou um orçamento de 384 milhões de euros para a reconstrução de Bengazi e Derna e 96 milhões de euros para as vítimas nas zonas declaradas de catástrofe que também atingiu Al Bayda, Al Marj e Soussa.