15 set, 2023 - 08:14 • João Cunha , Beatriz Pereira
Cerca 13 mil dos cerca de 150 mil trabalhadores das fábricas de três dos maiores fabricantes automóveis nos Estados Unidos cumprem, esta sexta-feira, o primeiro de dez dias de greve, depois de não terem conseguido um acordo coletivo de trabalho.
A paralisação vai atingir as fábricas da Ford, Stellantis e General Motors, naquela que é a maior greve no setor automóvel dos Estados Unidos dos últimos 25 anos.
É também a primeira vez que as três grandes fábricas entram em greve ao mesmo tempo, nos 88 anos de história do sindicato United Auto Workers (UAW).
O acordo em causa, que não avançou, previa um aumento salarial de 46% ao longo de quatro anos, recuperação do esquema de pensões, menos precariedade e o fim da discriminação salarial dos trabalhadores mais recentes.
Shawn Fain, presidente da União de Sindicatos do Setor Automóvel dos Estados Unidos, responde que, face às acusações de que os trabalhadores estarão a ser gananciosos, os trabalhadores estão “preparados para que esta greve dure o tempo que for preciso”.
“Estas empresas têm de se chegar à frente pelos seus trabalhadores. Querem chamar-lhes famílias, quando lhes dá jeito. Mas não estiveram lá, não cuidaram dos seus trabalhadores. Nós voltamos para trás, nos últimos 16 anos, enquanto assistimos a aumentos de 40% nos salários dos presidentes destas companhias, só nos últimos 4 anos”, atira.
O sindicalista lembra os números dos lucros, “que foram de 250 mil milhões na última década, 21 mil milhões nos primeiros seis meses deste ano. O preço dos carros aumentou 30% e os nossos aumentos foram de 6%. Estamos a andar para trás e chamam-nos de gananciosos? Eles estão a ver mal as coisas”.
Estima-se que a paralisação resulte num impacto de 1500 milhões de dólares por semana.
O sindicato United Auto Workers tem referido que as manifestações da greve serão “Stand Up", um conceito explicado pelo site do UAW. “O Stand Up Strike é uma nova abordagem de greve. Em vez de atacar todas as fábricas de uma vez, alguns trabalhadores serão chamados a ‘Stand Up’ (Levantar-se) e entrarão em greve”, pode ler-se na página.
“Com o passar do tempo, mais trabalhadores poderão ser chamados a ‘Levantar-se’ e aderir à greve”, avança o comunicado. "Isso dá-nos o máximo de alavancagem e máxima flexibilidade na nossa luta para ganhar um contrato justo com cada uma das três grandes fábricas”.