17 set, 2023 - 20:52 • Lusa
Confrontos no leste da Síria, entre a aliança das Forças Democráticas Sírias (FDS), liderada pelos curdos, e os aliados árabes, causaram o deslocamento de quase 50.000 pessoas para áreas controladas pelo governo sírio, informou hoje a ONU.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) revelou num relatório que a violência na província de Deir al Zour, que eclodiu em 27 de agosto e durou até 08 de setembro, causou o deslocamento de cerca de 6.500 famílias, calculando que os combates tenham afetado 200.000 pessoas.
Muitos dos cerca de 50.000 deslocados fugiram para áreas controladas por Damasco, uma vez que o rio Eufrates divide Deir al-Zour em duas: a margem leste controlada pelas FDS e a oeste controlada pelas forças do governo sírio.
De acordo com informações da agência da ONU, pelo menos 96 pessoas morreram durante os confrontos, incluindo uma criança, enquanto outras 106 ficaram feridas.
Grande parte dos serviços básicos da província foram afetados pelos confrontos, levando a uma escassez aguda de medicamentos, equipamentos móveis, alimentos ou água, de acordo com o OCHA.
Os combates em Deir al-Zour eclodiram em 27 de agosto, depois de as FDS terem detido um líder de um clã árabe que acusaram de ser colaborador de Damasco e do tráfico de droga, provocando a reação de algumas tribos árabes aliadas dos curdos sírios.
A aliança curda – principal aliada dos Estados Unidos na Síria — negou, contudo, tratar-se de um conflito interno e acusou “células” do grupo terrorista Estado Islâmico, “combatentes intrusos” e “elementos” do Governo sírio de se infiltrarem para “criar sedição”.
Após uma extensa campanha, as FDS conseguiram retomar todas as aldeias com a presença de combatentes árabes e iniciaram uma série de conversações com as tribos árabes para esclarecer o que aconteceu e amnistiar os detidos.
Desde que as FDS assumiram o controlo da margem oriental de Deir al-Zour, depois de derrotar territorialmente o Estado Islâmico (EI) em 2019, várias tribos árabes relataram alguma discriminação contra os curdos sírios relacionada a oportunidade de emprego e a partilha das receitas vindas dos campos de petróleo na área.
Os combates podem afetar a luta contra o EI na Síria, alertaram agências da ONU e os Estados Unidos.