20 set, 2023 - 15:36 • João Pedro Quesado
Vinte e quatro horas depois de o exército do Azerbaijão lançar uma operação "antiterrorista" na região separatista de Nagorno-Karabakh, o Azerbaijão e a Arménia aceitaram as condições da Rússia para chegar a um acordo de cessar-fogo. Uma das condições pode colocar em risco a existência do enclave etnicamente arménio.
O acordo, que entrou em vigor às 13h00 locais (10h00 em Portugal continental), evita um conflito maior, como o de 2020, e inclui provisões para o governo efetivo de Nagorno-Karabakh dissolver o Exército de Defesa da região.
O número de pessoas mortas e feridas no enclave - onde vivem cerca de 120 mil pessoas de etnia arménia - subiu durante a noite. De acordo com o The Guardian, um antigo líder do governo local disse que cerca de 100 pessoas tinham morrido, e centenas ficado feridas, em ataques lançados pelo Azerbaijão esta terça-feira.
O presidente do Azerbaijão anunciou iria reunir com as representantes das forças de Karabakh na quinta-feira, na cidade de Yevlakh, localizada a cerca de 100 quilómetros da capital de distrito de Karabakh, Khankendi. As negociações também devem abordar planos para a reintegração do território no Azerbaijão.
O governo local do enclave referiu, num comunicado, que acordou a retirada de tropas das forças armadas da Arménia da zona de destacamento do contingente da Rússia, a dissolução do Exército de Defesa de Nagorno-Karabakh e a retirada de material militar pesado do território.
O último conflito militar na região, em 2020, durou 44 dias, com um cessar-fogo assinado entre Azerbaijão, Arménia e Rússia. A guerra resultou numa perda efetiva de território do estado apoiado pela Arménia, cimentada com o acordo de tréguas: o Azerbaijão recuperou os territórios em torno de Nagorno-Karabakh que a Arménia tinha ocupado, assim como um terço da região disputada.
A disputa pela região é antiga, e ressurgiu durante o processo de dissolução da União Soviética. Uma guerra separatista eclodiu após a Arménia e o Azerbaijão obterem a independência, em 1991. O conflito só terminou em 1994, mas as tensões nunca desapareceram até agora.