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Quase 30 mil refugiados de Nagorno-Karabakh chegam à Arménia

26 set, 2023 - 23:50 • Lusa, com redação

Êxodo do enclave após intervenção militar das forças do Azerbaijão.

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Cerca de 30 mil refugiados procedentes do enclave de Nagorno-Karabakh fugiram para a Arménia. O número foi atualizada esta terça-feira pelas autoridade arménias.

Este número representa um terço das pessoas que residiam na zona separatista agora controlada pelo Azerbaijão.

Apesar das garantias de segurança das autoridades azeris, o primeiro-ministro da Arménia declarou que a "limpeza étnica" já começou em Nagorno-Karabakh.

A 19 de setembro, o Exército azeri lançou uma ofensiva sobre as posições arménias no enclave, classificando a ação como "operação antiterrorista" e exigindo que os arménios depusessem as armas e que o Governo separatista (no poder 'de facto' desde 1994) se dissolvesse.

Um dia depois, as autoridades de Nagorno-Karabakh concordaram com as exigências militares, mas as conversações sobre a forma como a região virá a ser integrada no Azerbaijão não foram conclusivas.

Uma semana após a ofensiva azeri naquela região secessionista do Cáucaso, milhares de habitantes estão a tentar fugir e atravessar para a Arménia.

Hoje de manhã, o Governo arménio tinha anunciado ter já acolhido mais de 13.000 refugiados de Nagorno-Karabakh, enquanto um fluxo constante de veículos transportando famílias e os seus pertences empilhados nos tejadilhos se concentra junto do último posto de controlo fronteiriço azeri antes de entrar em território arménio, através do corredor de Latchin. Alguns atravessam a pé.

"Eles expulsaram-nos", disse um homem ao passar em frente aos soldados azeris.

Na segunda-feira, o Presidente azeri, Ilham Aliev, tinha reiterado a promessa de que os direitos da população arménia do enclave seriam "garantidos".

O chefe de Estado azeri falava ao lado do homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, ator central na região, apenas alguns dias após a vitória das forças azeris sobre as tropas da autoproclamada "república" de Nagorno-Karabakh - anexada em 1921 ao Azerbaijão pelo poder soviético.

UE recebe representantes da Arménia e Azerbaijão

A União Europeia (UE) recebe nesta terça-feira em Bruxelas altos representantes da Arménia e do Azerbaijão, duas antigas repúblicas soviéticas que se confrontaram militarmente em Nagorno-Karabakh entre 1988 e 1994 (30.000 mortos) e no outono de 2020 (6.500 mortos). O balanço da invasão relâmpago da semana passada é de 200 mortos, segundo a parte arménia.

Simon Mordue, principal conselheiro diplomático do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, presidirá a este encontro na capital belga. O Azerbaijão e a Arménia, bem como França e a Alemanha, serão representados pelos respetivos conselheiros nacionais para a segurança. E o representante especial da UE para o Cáucaso do Sul, o diplomata estónio Toivo Klaar, participará também.

Por sua vez, o primeiro-ministro arménio, Nikol Pachinian, e o Presidente azeri reunir-se-ão a 5 de outubro em Granada, Espanha, com a presença do Presidente francês, Emmanuel Macron, do chanceler alemão, Olaf Scholz, e do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel - um encontro há muito agendado e que não foi cancelado.

O Azerbaijão comprometeu-se a permitir que os rebeldes que entreguem as armas vão para a Arménia.

Muitos temem que os arménios fujam em massa de Nagorno-Karabakh à medida que as forças do Azerbaijão se vão impondo. Além da angústia que reina entre os cerca de 120.000 habitantes, a situação humanitária é precária.

O afluxo à Arménia de refugiados do enclave originou enormes engarrafamentos na única estrada que liga a capital da região secessionista, Stepanakert, àquele país.

Na semana passada, Pachinian anunciou que o seu país, de 2,9 milhões de habitantes, se preparava para acolher 40.000 refugiados.

Por seu lado, a Rússia, que vê o Cáucaso como seu território e deslocou há três anos para o enclave montanhoso uma força de manutenção da paz, após uma breve ofensiva do Azerbaijão, rejeitou na segunda-feira firmemente as críticas de Pachinian, que a acusou de ter abandonado a sua aliada.

[notícia atualizada - número de refugiados sobe de 19 mil para quase 30 mil]

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