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Paulo Rangel desafia PS a demarcar-se do "pró-russo e anti-ucraniano" Robert Fico

01 out, 2023 - 22:40 • Susana Madureira Martins , com redação

Vitória de Robert Fico nas legislativas da Eslováquia é um problema para a UE, alerta eurodeputado social-democrata. À Renascença, Rangel diz que silêncio do PS sobre membro do grupo socialista no Parlamento Europeu "é inadmissível".

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O eurodeputado social-democrata Paulo Rangel desafia o PS a demarcar-se de Robert Fico, líder do partido populista Smer-SSD, que venceu as eleições legislativas na Eslováquia.

Em declarações à Renascença, Paulo Rangel fala num resultado “muito preocupante” para a Europa, porque Robert Fico tem um “discurso claramente pró-russo, anti-ucraniano e anti-migrações”.

O partido Smer-SSD pertence ao grupo socialista no Parlamento Europeu. Paulo Rangel desafia António Costa a tomar posição sobre Robert Fico e pede coerência.

“Há também aqui um problema de coerência. Eu que estive contra a presença de Viktor Orban no PPE [Partido Popular Europeu] durante mais de seis ou sete anos até conseguirmos que ele saísse, nunca ninguém em relação ao Partido Socialista foi capaz de ter a mesma atitude em relação a Roberto Fico e à sua ideia de democracia iliberal, de um Estado anti-direitos fundamentais e não respeitador do Estado de Direito”, afirma o eurodeputado do PSD.

“Estes deputados fazem hoje parte do grupo parlamentar onde está o Partido Socialista português. Portanto, é importante que o PS europeu diga o que pensa sobre este resultado eleitoral. Este silêncio é inadmissível”, sublinha.

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Silêncio do PS "é inadmissível", afirma Paulo Rangel

Paulo Rangel compreende que o Governo português tenha que manter relações com o futuro executivo eslovaco - que ainda terá que fazer um acordo de coligação -, mas “o PS, o seu secretário-geral, os seus dirigentes e os deputados europeus têm de tomar uma atitude quanto a isto, porque não pode haver um duplo padrão”.

Para o eurodeputado português, “está na altura de o grupo socialista no Parlamento Europeu tomar uma atitude firme”, porque a atitude da UE face à Ucrânia e à Rússia “vai estar muito condicionada com esta presença de um partido pertencente ao grupo socialista no Governo da Eslováquia”.

Paulo Rangel fala num “resultado preocupante” para a UE e recorda que Roberto Fico “foi primeiro-ministro duas vezes e o seu governo ficou marcado por uma violação sistemática das regras do Estado de Direito”.

“Houve o assassinato do jornalista Jan Kuciak e da sua namorada que estava a investigar escândalos de corrupção ligados à máfia e a até a Malta, onde foi assassinada a jornalista Daphne Caruana Galiza. Roberto Fico, que na altura teve que se demitir, apareceu nesta campanha com um discurso claramente pró-russo, anti-ucraniano, anti-migrações”, atira o social-democrata.

Já depois das eleições de sábado, Roberto Fico anunciou “que vai repor todos os controlos na fronteira com a Hungria e que vai suspender todo o apoio militar à Ucrânia”.

“Especialmente, quem está a olhar para a situação geopolítica da Europa, é muito preocupante, porque para lá da Hungria vamos ter um segundo Estado que vai apoiar as posições de Putin ou, pelo menos, ser complacente com ela”, remata Paulo Rangel.

O partido populista Smer-SSD, do antigo primeiro-ministro Robert Fico, que se opõe à ajuda à Ucrânia, venceu as eleições legislativas de sábado na Eslováquia.

O Smer-SSD obteve 23,3%, à frente do partido liberal Eslováquia Progressista (17,1%), liderado pelo vice-presidente do Parlamento Europeu, Michal Simecka.

Uma vez que nenhum partido obteve a maioria dos assentos no parlamento da Eslováquia, o futuro do país pode depender do partido que ficou em terceiro lugar, com 14,9% dos votos, os sociais-democratas do Hlas-SD ('Voz'), do também antigo primeiro-ministro Peter Pellegrini, um dissidente do Smer-SSD mas que partilha a posição pró--Ucrânia de Simecka.

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