05 out, 2023 - 16:00 • Alexandre Abrantes Neves , com Lusa
“Uma justa homenagem a um dos grandes nomes da literatura contemporânea, que cria universos temáticos intimistas e singulares”. É desta forma que Diogo Madre Deus, editor da obra de Jon Fosse em Portugal, reage à atribuição do Prémio Nobel da Literatura ao autor norueguês, conhecida esta quinta-feira.
Jon Fosse é dramaturgo e romancista e, nos últimos anos, tem sido “um dos autores que mais tem contribuído para a renovação dos dois géneros”. Diogo Madre Deus considera, por isso, que a distinção da Academia Sueca honra “a verdadeira essência da literatura” e destaca o valor da escrita do autor.
“Ao longo da sua vasta obra, Fosse desenvolveu um estilo de escrita muito singular – é marcado por um ritmo lento, com frases grandes, mas muito bem articuladas. A sua escrita faz com que o pensamento quase se expresse de imediato na página”, explica à Renascença.
O autor foi distinguido pelas suas "peças inovador(...)
Em Portugal, a obra do norueguês é atualmente publicada pela Cavalo de Ferro, uma chancela do grupo Penguin. Este ano, sairá o segundo de três volumes de “Septologia”, um livro semiautobiográfico que, em mais de 1,250 páginas, não tem um único ponto final. A obra conta a história de Asle, um pintor viúvo e solitário que, ao longo da trama, se debruça sobre questões essenciais, como a passagem da vida para a morte, a descoberta de Deus e a arte.
O Nobel da literatura foi esta quinta-feira atribuído ao autor norueguês Jon Fosse “pelas suas peças e prosas inovadoras que dão voz ao indizível”. O anúncio foi feito, em Estocolmo, pela Academia Sueca.
À emissora norueguesa NRK, Jon Fosse disse ter ficado "surpreso, mas não muito" com o anúncio da Academia Sueca.
"Tenho-me preparado, nos últimos 10 anos, cautelosamente, para o facto de que isto poderia acontecer. Mas não esperava receber o prémio hoje, mesmo que houvesse uma hipótese", afirmou.
Jon Fosse tem 64 anos e começou a carreira em 1983 com o romance “Vermelho, Preto”, cuja história vai intercalando momentos do passado e do futuro. Da sua vasta obra, destaca-se ainda “Trilogia” (2014) – uma parábola de inspiração bíblica que, num só livro, contém três novelas – e “Manhã e Noite” (2015), sobre o significado da vida e da morte. Para além de romances e pças de teatro, constam ainda do seu currículo vários contos, obras poéticas, livros infantis e ensaios.