Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Extrema-direita entra no Governo da Eslováquia, que vai afastar-se da Ucrânia

11 out, 2023 - 13:16 • Lusa

"Concordámos em formar um Governo em conjunto" com a extrema-direita e um partido de esquerda, anuncia Robert Fico.

A+ / A-

O líder dos populistas eslovacos, Robert Fico, vencedor das eleições legislativas de 30 de setembro, anunciou esta quarta-feira um acordo com a extrema-direita e com um partido de esquerda para a criação de uma coligação governamental.

Segundo analistas, o Governo que resultará desta coligação deverá mudar radicalmente a política externa da Eslováquia, uma vez que Robert Fico, que irá ocupar o cargo de primeiro-ministro pela quarta vez, já admitiu querer acabar com o apoio militar à Ucrânia.

"Concordámos em formar um Governo em conjunto" com a extrema-direita e um partido de esquerda, disse hoje Fico à imprensa.

"Esta é a base do acordo de coligação, que queremos concluir o mais rapidamente possível", referiu, acrescentando que "os nomes e ministérios específicos serão incluídos no acordo de coligação" e a lista de ministros "será apresentada à Presidente em breve".

Como resultado das legislativas, o Smer-SD, do primeiro-ministro designado Robert Fico, obteve 23% dos votos, derrotando o partido centrista Eslováquia Progressista (PS, 18%).

O partido de esquerda Hlas-SD, formado em torno de dissidentes do Smer, obteve 27 assentos parlamentares. O partido é liderado por Peter Pellegrini, que se tornou primeiro-ministro em 2018, quando Fico foi forçado a demitir-se na sequência de protestos a nível nacional após o assassinato do jornalista de investigação Jan Kuciak e da sua noiva.

Os dois partidos vão aliar-se ao partido nacionalista SNS, que ficará com 10 deputados, conseguindo assim uma maioria de 79 (do total de 150) assentos no parlamento.

Durante a campanha eleitoral, Robert Fico, de 59 anos, prometeu que a Eslováquia não enviaria "nem mais uma bala" para a Ucrânia e disse que ia melhorar as relações com a Rússia.

No dia seguinte às eleições, afirmou que o seu país, de 5,4 milhões de habitantes, tinha "problemas mais importantes" do que dar ajuda à Ucrânia.

Até agora, a Eslováquia, membro da União Europeia (UE) e da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), era um doador europeu significativo para a Ucrânia, canalizando uma fatia importante da riqueza produzida (PIB) para aquele país.

"Acreditamos que a Ucrânia é uma enorme tragédia para todos. Se o Smer-SD for incumbido de formar Governo, faremos o nosso melhor para organizar conversações de paz o mais rapidamente possível", disse na altura.

"A proteção da soberania e dos interesses nacionais da Eslováquia será a prioridade do Governo", sublinhou, adiantando querer também proteger o país contra a migração ilegal que tem aumentado recentemente na Europa.

Ainda assim, o líder do Smer garantiu que quer que a Eslováquia continue a ser membro da UE e da NATO.

Os críticos de Fico temem que o seu regresso ao poder possa levar a Eslováquia a abandonar o seu rumo e passar a seguir o caminho da Hungria, sob o primeiro-ministro Viktor Orbán, e, em menor medida, o da Polónia, sob o partido Lei e Justiça, dois países que se têm afastado do apoio à Ucrânia.

Embora não haja ainda data para a Presidente, Zuzana Caputova, empossar o novo Governo, Fico disse esperar representar a Eslováquia na próxima cimeira dos líderes dos países membros da União Europeia, marcada para o final deste mês.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Cidadao
    14 out, 2023 Lisboa 11:24
    Os Países que interessam - os realmente poderosos - continuam ao lado da Ucrânia ou no mínimo, não apoiam a Rússia. Os que mamam do Ocidente e agora querem juntar-se ao amigo Putin, são os insignificantes que devem ser corridos a prazo, ou verem os apoios Ocidentais reduzidos ao mínimo, ou a ZERO, de preferência

Destaques V+