19 out, 2023 - 12:15 • Lusa
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, encontrou-se esta quinta-feira com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, em mais um sinal de aproximação entre os dois países contra o que classificam como a crescente postura hostil e agressiva do Ocidente ao leme dos EUA.
De acordo com a agência russa de notícias TASS, o encontro de Lavrov com Kim durou mais de uma hora, sem que o MNE russo adiantasse mais detalhes da reunião.
Antes de partir para Pyongyang, onde aterrou na quarta-feira, Lavrov agradeceu à Coreia do Norte o apoio às ações militares da Rússia na Ucrânia e prometeu "total apoio e solidariedade" da Rússia ao regime de Kim.
A visita de Lavrov é tida como preparatória para uma viagem do Presidente russo, Vladimir Putin, após uma série de passos para reforçar a cooperação entre Moscovo e a politicamente isolada Coreia do Norte.
Ontem, o MNE russo disse que Moscovo valoriza "o apoio de princípio e inabalável" de Pyongyang à guerra na Ucrânia, que os russos classificam de "operação militar especial".
"Da mesma forma, a Federação Russa garante o seu total apoio e solidariedade quanto às aspirações da RDPC", disse Lavrov, de acordo com um comunicado do seu Ministério, referindo-se às iniciais do nome oficial da Coreia do Norte, República Democrática Popular da Coreia.
Após um encontro com o ministro norte-coreano dos Negócios Estrangeiros, Choe Son Hui, Lavrov disse aos jornalistas que as crescentes atividdades militares dos EUA e dos seus aliados, nomeadamente o Japão e a Coreia do Sul, são motivo de preocupação, noticia a agência russa RIA.
As Marinhas dos EUA e da Coreia do Sul juntaram-se esta quinta-feira a outros quatro países - Canadá, Bélgica, Nova Zelândia e Filipinas - num exercício de minas anti-navais ao largo da costa sul da Coreia do Sul, indicou o Ministério da Defesa em Seul.
Um bombardeiro norte-americano B-52 fez uma rara aterragem na Coreia do Sul esta manhã, numa demonstração da aliança entre os dois países face às crescentes ameaças nucleares da Coreia do Norte, indicou o Exército do Sul.
Nas suas declarações públicas, Lavrov disse que a Coreia do Norte, a China e a Rússia vão seguir uma política que alivie as tensões regionais. Os media estatais norte-coreanos dizem que a visita de Lavrov marca uma "ocasião muito importante" na consolidação das relações entre Pyongyang e Moscovo.
Fotografias divulgadas pelo MNE russo mostram Lavrov a ser recebido por cidadãos com flores e bandeiras dos dois países à chegada à capital norte-coreana.
A visita de dois dias de Lavrov acontece um mês depois de uma rara visita de Kim Jong-un à Rússia, durante a qual convidou Putin a visitá-lo em Pyongyang para discutirem como reforçar a cooperação militar.
A agência russa TASS diz que Lavrov poderá também ter aproveitado esta ocasião para informar a liderança norte-coreana dos resultados da visita de Putin à China esta semana.
Um think-tank norte-americano disse na terça-feira que imagens de satélite mostram contínua atividade ao redor de um porto norte-coreano próximo da Rússia, indicando que houve pelo menos seis viagens marítimas entre os dois países desde o final de agosto.
Estas viagens entre os portos de Rajin, na Coreia do Norte, e de Dunai, na Rússia, poderão estar relacionadas com a transferência de munições norte-coreanas para Moscovo, indica o Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), com sede em Washington.
A Coreia do Sul e os EUA têm expressado preocupações face às crescentes trocas Rússia-Coreia do Norte, com os aliados a reforçarem os exercícios militares com o Japão.
A Coreia do Sul já pediu à Rússia que respeite as resoluções da ONU nas suas trocas com a Coreia do Norte, indicou hoje um porta-voz do MNE sul-coreano.