23 out, 2023 - 13:05 • Reuters
Os líderes da União Europeia (UE) vão pedir esta semana que seja implementada uma "pausa humanitária" na guerra entre Israel e o Hamas para permitir que a ajuda humanitária aos palestinianos da Faixa de Gaza chegue em segurança àqueles que dela necessitam.
A informação consta de um documento-rascunho com as conclusões da cimeira de chefes de Estado e de Governo da UE.
O Conselho Europeu, que reúne os líderes dos 27 Estados-membros da UE, está marcado para o final da semana, entre quinta e sexta-feira, em Bruxelas, com a guerra no Médio Oriente no topo da agenda de trabalhos.
"O Conselho Europeu apoia o pedido do secretário-geral da ONU, [António] Guterres, por uma pausa humanitária para garantir o acesso seguro à ajuda humanitária e que esta chega aos que dela precisam", mostra o documento, a que a Reuters teve acesso esta segunda-feira.
"A UE vai trabalhar em proximidade com os seus parceiros na região para proteger civis, apoiar aqueles que estão a tentar manter-se seguros e a fornecer assistência, e facilitar o acesso a comida, água, cuidados médicos, combustível e abrigo", lê-se ainda no documento. "Reitera-se a necessidade de libertação imediata de todos os reféns sem pré-requisitos."
Esta segunda-feira, no encontro dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27, no Luxemburgo, a UE aproximou-se de um consenso quanto a esta "pausa humanitária", apesar de alguns terem sinalizado reservas quanto a esta ideia.
Aos jornalistas, Josep Borrell, chefe da diplomacia comunitária, disse que apoia a proposta de Guterres para um cessar-fogo temporário que facilite a entrada e distribuição de ajuda humanitária de emergência aos palestinianos da Faixa de Gaza.
"A coisa mais importante agora é a ajuda humanitária entrar em Gaza", disse Borrell à chegada à reunião, uma ideia que é apoiada pelos Governos de Portugal, França, Espanha, Países Baixos, Irlanda, Eslovénia e Luxemburgo.
"Esta semana ainda haverá o Conselho Europeu e a nossa expectativa é que, dessa reunião, possa sair esse apelo", destacou João Gomes Cravinho.
Contudo, outros Estados-membros expressaram reservas quanto a esta possibilidade ou evitaram totalmente responder a perguntas sobre o assunto.
Questionado sobre estas divergências, o MNE português faz a distinção entre "cessar-fogo e pausa humanitária" e refere que "há consenso" quanto a uma pausa nos bombardeamentos.
A divergência neste ponto reflete diferenças maiores dentro da UE quanto ao conflito israelo-palestiniano. Questionada sobre porque é que não tem ecoado os pedidos por uma trégua em Gaza, a chefe da diplomacia da Alemanha disse que os últimos dias mostram a importância de fazer chegar ajuda ao enclave, mas também deixam claro que o Hamas vai continuar a atacar Israel.
"Todos temos visto que o terrorismo continua sem dar tréguas, e os ataques massivos com rockets contra Israel que estão a acontecer. Não podemos acabar com esta catástrofe humanitária quanto o terrorismo a partir de Gaza continua", destacou Annalena Baerbock.
"Claro que todos desejam que a violência acabe, mas Israel tem o direito a defender-se", destacou Alexander Schallenberg, ministro austríaco dos Negócios Estrangeiros.
[atualizado às 16h17]