24 out, 2023 - 15:09 • Redação
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) avisou esta terça-feira que poderá ter de suspender a sua missão na Faixa de Gaza em breve se não entrar mais combustível no enclave palestiniano.
Em entrevista ao programa World At One da rádio 4 da BBC, a diretora de comunicações da agência da ONU diz que, "se não recebermos combustível com urgência, seremos forçados a suspender as nossas operações na Faixa de Gaza amanhã [quarta-feira] à noite".
"Precisamos do fornecimento de bens para Gaza e precisamos de combustível", diz Juliette Touma. E se a UNRWA suspender as operações, as pessoas em Gaza "vão ficar mais miseráveis e desesperadas do que já estavam", avisa.
Na mesma entrevista, Touma adianta que mais seis funcionários da UNRWA morreram nas últimas horas, o que faz subir para 35 o número de empregados da ONU mortos na operação de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza. "Estamos a fazer o luto pela perda dos nossos colegas", diz a fonte.
Neste momento, diz ainda Touma, existem 150 abrigos geridos pela UNRWA no território palestiniano, a maioria deles em escolas.
"Só nesses temos 600 mil pessoas que vieram à procura de abrigo. Precisam de comida, precisam de água, precisam de serviços sanitários. Precisam de colchões, precisam de proteção."
As declarações surgem no mesmo dia em que o porta-voz do Exército de Israel, Jonathan Conricus, disse que o Hamas está a armazenar combustível e a impedir que seja utilizado para alimentar hospitais e outras infraestruturas críticas.
Na sequência do ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, a 7 de outubro, o Estado hebraico declarou guerra ao grupo islamita e tem mantido a Faixa de Gaza cercada e sujeita a bombardeamentos constantes.
Até agora, de acordo com o último balanço das autoridades locais em Gaza, já morreram mais de 5.971 pessoas e há mais de 16 mil feridos.
Do lado israelita, 1.400 pessoas morreram no ataque do Hamas, que levou para Gaza mais de 200 reféns.
A UNRWA também apelou hoje a uma melhor coordenação das organizações humanitárias que estão a ajudar os palestinianos na Faixa de Gaza.
Numa conferência de imprensa regular das Nações Unidas, a porta-voz da UNRWA, Tamara Alrifai, que interveio por videoconferência a partir de Amã, saudou a generosidade do Egito e de outros países na ajuda aos palestinianos.
A ajuda internacional começou a entrar na Faixa de Gaza no sábado, através do Egito, mas em quantidade insuficiente, segundo a UNRWA.
“Não estamos realmente a receber os produtos mais necessários ou relevantes para Gaza”, lamentou, ainda, a porta-voz da agência da ONU.
Tamara Alrifai referiu que num dos comboios de ajuda humanitária dos foram enviados “caixas de arroz e lentilhas (…), mas para cozer lentilhas e arroz é preciso água e gás”.
“Portanto, este tipo de produto (…) não é muito útil neste momento, dada a situação em Gaza”, disse.
Para evitar que tais situações se repitam, a porta-voz apelou a todas as organizações humanitárias presentes na região que “melhorem” as suas ações, estabelecendo “listas mais claras do que é mais necessário” na Faixa de Gaza, onde estão cerca de 2,4 milhões de palestinianos.
Sujeito a um bloqueio terrestre, aéreo e marítimo israelita desde que o Hamas tomou o poder em 2007, este território palestiniano está colocado desde 09 de outubro sob um estado de “cerco total” por Israel, que cortou o fornecimento de água, eletricidade, combustíveis e alimentos.
[atualizado às 15h25]