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Guerra no Médio Oriente

Israel avisou civis para irem para o sul de Gaza, mas continua a atacar a área. Porquê?

26 out, 2023 - 13:15 • Reuters

OCHA estima que mais de 1,4 milhões de pessoas estão, neste momento, internamente deslocadas na Faixa de Gaza.

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Israel disse aos civis que vivem no norte da Faixa de Gaza, incluindo os residentes da Cidade de Gaza, para se abrigarem no sul do enclave, sob o argumento de que estariam mais seguros face aos bombardeamentos diários do Exército israelita após o ataque do Hamas a 7 de outubro.

Contudo, aviões de guerra israelitas continuam a atingir locais no sul da Faixa de Gaza, aumentando os receios entre as pessoas deslocadas de que estão tão vulneráveis ali como estariam nas suas casas no norte. Eis uma visão geral da situação.

Porque é que Israel continua a atacar o sul?

Desde que disse aos civis de Gaza para se moverem para o sul, o Exército de Israel (IDF) continuou a atingir alvos em toda a área, matando um número incerto de pessoas. Ao todo, as autoridades em Gaza dizem que 6.546 palestinianos já foram mortos em ataques aéreos de Israel desde o dia 7.

Os residentes dizem que os bombardeamentos ao sul se intensificaram a 25 de outubro. Um ataque destruiu um prédoi de apartamentos em Khan Younis, a cerca de 10 quilómetros da fronteira com o Egito.

O IDF diz que, apesar de o principal centro de poder do Hamas se localizar na Cidade de Gaza, os militantes estão entrincheirados entre a população civil de norte a sul do enclave.

"Sempre que surge um alvo do Hamas, o IDF lança um ataque para contrariar as capacidades terroristas do grupo, tomando ao mesmo tempo precauções para mitigar os danos causados a civis não envolvidos [na guerra]", disse o Exército na quarta-feira, repetindo anteriores comunicados.

O Exército hebraico diz que as casas em que os militantes vivem são "alvos legítimos" mesmo que haja civis a viver entre eles.

"A chamada casa privada não é uma casa privada", disse um alto cargo da Força Aérea israelita em declarações recentes aos jornalistas.

Porque é que Israel ordenou a evacuação para sul?

A 12 de outubro, o Exército israelita disse que quase metade dos 2,3 milhões de residentes da Faixa de Gaza deveriam mudar-se para o sul nas 24 horas seguintes. Os militares disseram que a ordem tinha como objetivo mover civis para longe dos "alvos terroristas do Hamas", que acredita estarem concentrados no norte.

Jonathan Conricus, porta-voz do Exército, diria depois "Estamos a preparar a área para atividade militar significativa na Cidade de Gaza, é essa a próxima fase. É por isso que estamos a pedir aos civis que se mudem para o sul do rio Gaza."

Israel tem amontado tropas na fronteira com a Faixa de Gaza e espera-se que lance em breve uma ofensiva terrestre no enclave.

A 18 de outubro, o Exército pediu aos residentes de Gaza que se deslocassem para o que classificou de zona humanitária em Al Mawasi, na costa sul do território palestiniano.

Israel renovou os avisos a 22 de outubro, dizendo que qualquer pessoa que continue no norte pode ser identificada como simpatizante de uma "organização terrorista".

Quantas pessoas foram deslocadas?

O Hamas pediu aos palestinianos que ignorassem os avisos israelitas.

Na quarta-feira, Israel anunciou um ataque a barricadas do Hamas que, segundo Telavive, estariam a impedir as pessoas de fugir.

Apesar das tentativas do Hamas em travar o êxodo, residentes e organizações internacionais de ajuda humanitária dizem que houve uma deslocação em massa de pessoas do norte e de outras áreas do enclave vistas como especialmente vulneráveis a ataques.

Há dois dias, a 24 de outubro, o Gabinete das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) estimou que mais de 1,4 milhões de pessoas estão, neste momento, internamente deslocadas na Faixa de Gaza.

As passagens fronteiriças de Gaza com o Egito e com Israel continuam fechadas, efetivamente aprisionando os residentes dentro do enclave de 365 quiómetros quadrados.

O que diz a comunidade internacional?

No rescaldo dos primeiros avisos israelitas, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que dar poucas horas a centenas de milhares de pessoas para abandonarem as suas casas é "perigoso e profundamente preocupante".

Muitos Governos ocidentais já pediram uma trégua humanitária que permita a abertura de corredores para os civis presos no enclave. As nações árabes vão mais longe e pedem a Israel que ponha fim à guerra, que hoje entrou no 20.º dia consecutivo.

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