26 out, 2023 - 00:24 • Lusa
Donald Trump foi multado na quarta-feira, pela segunda vez em menos de uma semana, em 10.000 dólares, por ter proferido comentários fora do tribunal, violando uma ordem de silêncio do juiz que está a julgá-lo por fraude civil.
Antes de impor esta coima, o juiz Arthur Engoron convocou Trump da mesa da defesa para testemunhar sobre um comentário aos jornalistas, horas antes, em que o ex-presidente se referiu a "uma pessoa muito partidária sentada ao lado" do juiz.
Engoron ordenou no passado dia 03 a todos os participantes no julgamento que não fizessem quaisquer comentários públicos sobre a sua equipa, uma restrição imposta depois de Trump ter publicado nas redes sociais o que o juiz entendeu como uma difamação da sua principal funcionária, que se senta ao seu lado no julgamento.
Trump e os seus advogados insistiram que o comentário do antigo presidente hoje era sobre a testemunha Michael Cohen, um antigo advogado de Trump, e não sobre a funcionária, mas Engoron considerou os argumentos como "não credíveis", observando que a funcionária se sentou muito mais perto do juiz do que Cohen durante o depoimento.
"A ideia de que a declaração se referia à testemunha não me faz qualquer sentido", disse Engoron.
Cinco dias antes, Trump tinha sido multado em 5.000 dólares, depois de Engoron ter descoberto que a publicação ofensiva nas redes sociais, no início de outubro, tinha permanecido no portal da campanha de Trump na internet durante semanas, não obstante ter-lhe sido ordenado que a retirasse da plataforma Truth Social.
Entretanto, hoje, o candidato presidencial republicano queixou-se num corredor do tribunal que Engoron, um democrata, é "um juiz muito partidário, com uma pessoa muito partidária sentada ao seu lado, talvez até muito mais partidária do que ele".
Em seguida, sob juramento no banco das testemunhas, Trump disse ao juiz que o comentário era dirigido a "si e a Cohen", não escondendo a frustração: "Acho que é muito parcial contra nós. Acho que já deixámos isso bem claro", disse.
Três dos advogados de Trump opuseram-se à multa de 10.000 dólares e reiteraram a afirmação de Trump de que a funcionária é parcial.
Pouco depois de ter sido multado e momentos depois de um dos seus advogados acabar de interrogar Cohen, Trump levantou-se e saiu da sala de audiências, seguido pelo seu filho, Eric.
O episódio pôs em evidência a questão de se saber se Trump pode cumprir as diretivas do tribunal destinadas a refrear a sua retórica e, enquanto faz campanha para regressar à Casa Branca.
Na semana passada, uma outra juíza, desta feita em Washington, que está a julgar o antigo presidente num caso de interferência eleitoral em 2020, impôs uma ordem de silêncio, que proíbe declarações públicas relativas a procuradores, funcionários do tribunal e potenciais testemunhas.
A ordem da juíza Tanya Chutkan respondeu a preocupações levantadas pelos procuradores, que temiam que os comentários de Trump poderiam inspirar seus apoiantes a ameaçar ou assediar as testemunhas da acusação no julgamento.
Trump recorreu entretanto dessa ordem, considerando-a inconstitucional. Chutkan levantou temporariamente a ordem na passada sexta-feira, considerando um pedido da defesa para uma pausa nas restrições enquanto os recursos de Trump são julgados.
Aproveitando o levantamento da restrição, Trump atacou o conselheiro especial do Departamento de Justiça, Jack Smith, num "post" online, considerando-o "louco", e disse que aqueles que fazem acordos de cooperação com os procuradores são "fracos e covardes".