27 out, 2023 - 06:31 • Pedro Mesquita , enviado a Bruxelas, com Redação
A presidente da Comissão Europeia, Úrsula Von der Leyen, diz não "haver contradição" entre a solidariedade a Israel e a ajuda humanitária aos palestinianos.
Numa cimeira que reúne os 27 líderes da União Europeia no Conselho Europeu, marcado pelo conflito entre Israel e o Hamas, Von der Leyen justificou a estratégia da União Europeia em apenas 10 segundos. "Não há contradição entre demonstrar solidariedade a Israel e agir na necessidade de ajuda humanitária às pessoas de Gaza", diz.
O plano aprovado no Conselho Europeu pretende levar a ajuda aos palestinianos recorrendo para isso à abertura de corredores humanitários, durante pausas humanitárias. A proposta foi afinada entre os líderes da União, ao longo de mais de 6 horas de debate, com o presidente do Conselho a avisar Israel de que um cerco total a Gaza não respeita a lei internacional.
"Um cerco total não está em linha com a lei internacional. Há uma séria deterioração da situação humanitária em Gaza e pensamos que a União deve fazer tudo o que puder para garantir o acesso à ajuda humanitária" , afirmou Charles Michel.
A mensagem foi partilhada pela presidente da Comissão. "Foi importante que tantos líderes tenham ido a Israel, para ouvirem Israel mas também para sublinharem que o cerco deve acabar. É fundamental que os palestinianos e os reféns tenham acesso à ajuda humanitária".
Alertas que sobressaem, pelo meio de uma certeza. Israel tem o direito a defender-se, com conta, peso e medida, acredita Úrsula, que não confunde os dois pratos da balança. "Israel é uma democracia, atacada pelo Hamas, uma organização terrorista. Israel tem o direito de se defender, de acordo com a lei internacional e os princípios humanitários".
E pelo meio de todas as variáveis, que a União Europeia tem pesado com cuidado, há ainda uma preocupação: o risco de atos terroristas em solo europeu.
"Também discutimos o facto de que esta crise tem implicações na segurança interna europeia. Os líderes descreveram o rápido alastramento do discurso do ódio e da propaganda terrorista, com o risco de que se traduza em violência e atos terroristas", alerta Von der Leyen.
Há muitas incógnitas na equação, mas há também a vontade de contribuir para a realização, a curto prazo, de uma conferência de paz para o Médio Oriente.