16 nov, 2023 - 23:00 • Lusa
A guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas levou a uma desaceleração nas entregas de munições à Ucrânia, realçou, esta quinta-feira, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
"No Médio Oriente, o que acham que começaram a comprar primeiro? Os cartuchos calibre 155. As nossas entregas diminuíram", realçou o chefe de Estado ucraniano, em declarações a um pequeno grupo de meios de comunicação social.
Israel, que conta com o apoio militar dos Estados Unidos, tem bombardeado incansavelmente a Faixa de Gaza desde que os combatentes do Hamas massacraram centenas de civis num ataque sem precedentes no início de outubro.
"Não é como se os Estados Unidos tivessem dito: não damos nada à Ucrânia. Não! Temos relações sérias e muito poderosas", assegurou Zelensky, citado pela agência France-Presse (AFP). "É normal, todos estão a lutar para sobreviver. Não estou a dizer que é algo positivo, mas é a vida e temos que defender o que é nosso", frisou.
A Rússia e a Ucrânia têm lutado para manter os seus arsenais de artilharia depois de quase dois anos de guerra desde a invasão de Moscovo ao país vizinho. A Coreia do Sul afirmou que Pyongyang, aliado da Rússia, enviou um milhão de projéteis de artilharia para apoiar a invasão da Ucrânia pela Rússia, em troca da experiência de Moscovo em satélites.
Por seu lado, a Alemanha realçou esta semana que a União Europeia (UE) não ia cumprir a meta de enviar um milhão de projéteis de artilharia para a Ucrânia, apesar dos esforços. "Hoje temos problemas com projéteis de artilharia de calibre 155 milímetros", lamentou Zelensky.
Em todo o mundo "os armazéns estão agora vazios ou existe um mínimo legal que este ou aquele determinado Estado não pode dar", explicou.
Zelensky saudou, no entanto, os esforços feitos pelos Estados Unidos para aumentar a produção deste tipo de munição.
O presidente ucraniano destacou também que a Rússia está a armazenar mísseis para ataques contra a infraestrutura ucraniana no inverno.A Ucrânia espera uma nova vaga de ataques russos contra as sua rede energética, como ocorreu no inverno anterior, quando milhões de ucranianos ficaram sem aquecimento ou eletricidade enquanto enfrentavam temperaturas baixas. "Acho que estamos mais bem preparados para o inverno do que antes. Mas não creio que a Rússia utilizará menos armas. Será um inverno difícil", vincou, referindo que a defesa aérea do seu país está mais fortalecida.
Zelensky estimou ainda que o exército ucraniano consegue abater 75-80% dos 'drones' explosivos fabricados no Irão que a Rússia utiliza frequentemente, especialmente durante os seus ataques noturnos.
O governante ucraniano analisou ainda o recente encontro entre os homólogos dos Estados Unidos e da China, Joe Biden e Xi Jinping, respetivamente, considerando que este foi bom para o seu país.
Zelensky referiu que não poderia confirmar se Biden e Xi discutiram a guerra na Ucrânia, mas lembrou que a invasão russa tinha que ser "abordada de uma forma ou de outra".
A China nunca condenou a invasão russa e reforçou a sua cooperação económica, diplomática e militar com Moscovo desde o início deste conflito.
Por seu lado, a administração de Joe Biden é o principal apoio de Kiev no Ocidente e tem fornecido múltiplas parcelas de ajuda financeira e militar.