Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

ONU diz que acesso humanitário é usado como "arma de guerra" contra Gaza

21 nov, 2023 - 20:45 • Lusa

E lembrou que o número de camiões que entraram no enclave no último mês é aproximadamente equivalente ao número que entrou na Faixa de Gaza dois dias antes do início da guerra.

A+ / A-

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) denunciou, esta terça-feira, que o acesso de ajuda humanitária a Gaza está a ser usado como "arma de guerra" contra a população, que não dispõe dos recursos mínimos para sobreviver.

“Água, alimentos, medicamentos e combustível são usados como armas de guerra”, disse o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini.

Numa conferência virtual, Lazzarini lamentou que o acesso à ajuda humanitária dependa de “negociações políticas” que estão a obstruir o processo.

Nesse sentido, denunciou que o fluxo de ajuda que entra em Gaza “é muito pequeno para responder às imensas necessidades dos habitantes”.

E lembrou que o número de camiões que entraram no enclave no último mês é aproximadamente equivalente ao número que entrou na Faixa de Gaza dois dias antes do início da guerra.

“O combustível permitido pelas autoridades israelitas cobre apenas metade das necessidades críticas diárias, o que compromete toda a nossa operação de ajuda e põe em perigo a sobrevivência dos civis”, lamentou Lazzarini.

O comissário-geral insistiu que a sua organização continua a “defender em vão” a abertura de passagens de fronteira adicionais para Gaza, como a de Kerem Shalom, uma vez que a ajuda até agora só foi acedida através da passagem de Rafah, a única não controlada por Israel e que liga o enclave ao Egito.

“O cerco é um castigo coletivo. O condicionamento da assistência humanitária é também um castigo coletivo”, afirmou.

Lazzarini recordou que mais de dois terços dos mortos em Gaza são mulheres e crianças, ao mesmo tempo que indicou que a UNRWA confirmou a morte de 108 dos seus trabalhadores no enclave.

Além disso, 67 instalações de agências da ONU foram atingidas por bombardeamentos israelitas, 17 delas diretamente, apesar de a maioria estar no centro e sul de Gaza, áreas para onde Israel pediu à população que se deslocasse antes da sua campanha terrestre no norte.

O cerco e os bombardeamentos incessantes contra a Faixa deixaram cerca de 1,7 milhões de pessoas deslocadas, quase 80% da população, das quais mais de 900.000 se refugiam em instalações da UNRWA.

Pelo menos 176 pessoas morreram nestes abrigos e outras 778 ficaram feridas, segundo Lazzarini, que indicou que “as condições nestes abrigos são indescritíveis”, pois estão sobrelotados.

“Em média, 150 pessoas partilham uma única casa de banho e 700 pessoas partilham um único chuveiro quando este está disponível. Este é um terreno fértil para o desespero e para doenças”, lamentou.

Lazzarini também indicou que devido à situação crítica dos habitantes de Gaza, a UNRWA está a ver “sinais de que a ordem civil está a desmoronar, já que as pessoas são forçadas a defenderem-se sozinhas”.

Saiba Mais
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+