22 nov, 2023 - 03:37 • Lusa
O movimento islamita Hamas saudou o acordo de “trégua humanitária” aprovado pelo Governo de Israel, que prevê a libertação de reféns na Faixa de Gaza em troca da libertação de prisioneiros palestinianos.
“As disposições deste acordo foram formuladas de acordo com a visão de resistência e determinação que visa servir o nosso povo e fortalecer a sua tenacidade face à agressão”, afirmou o Hamas.
“Confirmamos que as nossas mãos continuarão no gatilho e que os nossos batalhões triunfantes continuarão atentos”, alertou o grupo, num comunicado.
O Governo israelita aceitou na terça-feira o acordo com o Hamas para uma trégua de quatro dias.
Horas antes do anúncio, o Hamas já tinha avançado que "a bola" estava "do lado de Israel", depois de o grupo ter comunicado a posição sobre o acordo aos mediadores Qatar e Egito.
Todos os membros do executivo do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, votaram a favor da troca e da trégua, exceto os três ministros do Partido do Poder Judaico (Otzma Yehudit), de extrema-direita, e o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir.
Enquanto se aguardam os termos do acordo, que o Qatar deverá anunciar nas próximas horas, fugas de informação avançadas por meios de comunicação israelitas sugerem que o pacto inclui a libertação de um mínimo de 50 reféns - na maioria crianças e as mães - com a possibilidade de o número poder ser alargado para 80, bem como um cessar-fogo por um período mínimo de quatro dias, que poderá ser prolongado por mais alguns dias.
O Hamas vai levar os reféns para o Egito através da passagem de Rafah, em grupos diários de cerca de dez, e daí serão transferidos para Israel.
Por seu lado, Israel deverá libertar cerca de 150 prisioneiros palestinianos - na maioria mulheres e menores - que não tenham sido condenados por crimes de sangue.
Além disso, o exército compromete-se a não sobrevoar a Faixa de Gaza durante seis horas por dia, enquanto a trégua estiver em vigor, para permitir que o Hamas localize os reféns detidos por outros grupos armados, como a Jihad Islâmica.
De acordo com estimativas, o Hamas tem entre 210 e 240 reféns, enquanto a Jihad Islâmica Palestiniana tem cerca de 30.
Segundo a imprensa hebraica, o acordo prevê ainda a entrada na Faixa de Gaza, incluindo na região norte, de 100 a 300 camiões com alimentos e ajuda médica, bem como combustível.
A televisão pública israelita avançou que a cessação temporária das hostilidades terá início na quinta-feira, a fim de permitir 24 horas para a apresentação de eventuais recursos contra a decisão do Governo junto do Supremo Tribunal.
Esta trégua surge após semanas de pressão crescente por parte da comunidade internacional e dos principais organismos internacionais, como as Nações Unidas, para pôr termo aos ataques incessantes, que também já causaram mais de 1,5 milhões de deslocados.