22 nov, 2023 - 21:21 • Lusa
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Eli Cohen, sustentou esta quarta-feira que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, "pode servir de porta-voz do [movimento islamita palestiniano] Hamas".
"Na minha opinião, o secretário-geral da ONU pode servir de porta-voz do Hamas", declarou Cohen, acusando Guterres de "ser conhecido pela sua parcialidade contra Israel".
Por Guterres ter afirmado que Israel violou o direito internacional humanitário na sua ofensiva à Faixa de Gaza, Israel mantém um conflito aberto contra ele, tendo mesmo chegado a exigir a sua demissão do cargo de responsável máximo das Nações Unidas.
A 24 de outubro, numa reunião do Conselho de Segurança da ONU, Guterres voltou a condenar o ataque de 07 de outubro do Hamas a território israelita, que fez 1.200 mortos e cerca de 240 reféns, mas acrescentou que ele "não veio do nada, mas de 56 anos de ocupação", palavras que enfureceram Israel.
Nesse discurso, Guterres afirmou igualmente que nada podia justificar os ataques do Hamas, mas contrapôs que a agressão do braço armado do grupo islamita também não podia justificar "o castigo coletivo dos palestinianos".
Em mês e meio de guerra, cerca de 15.000 palestinianos foram mortos, entre os quais mais de 5.000 crianças, segundo dados das autoridades da Faixa de Gaza (desde 2007 controlada pelo Hamas), e há 1,7 milhões de habitantes daquele território deslocados, segundo a ONU.
Para Cohen, a postura de Guterres não representa a dos membros das Nações Unidas.
"Alegra-me muito ver que as suas posições não representam as posições dos Estados-membros da ONU e que Israel também está a receber um apoio sem precedentes na ONU", observou.
No dia 28 de outubro, a Assembleia-Geral da ONU aprovou por esmagadora maioria (120 votos a favor, 14 contra e 45 abstenções) uma resolução que pedia "o fim das hostilidades" na Faixa de Gaza, ao que Israel se opôs até terça-feira, embora hoje tenha acordado uma trégua humanitária de quatro dias com o Hamas para a libertação de 50 reféns sequestrados em território israelita, em troca da libertação de 150 presos palestinianos e da distribuição de ajuda humanitária em todo o enclave palestiniano.
Israel, que votou contra a resolução, só obteve o apoio de 13 países, entre os quais o seu principal aliado -- os Estados Unidos -, alguns países latino-americanos, como o Paraguai e a Guatemala, e outros Estados do Pacífico.