25 nov, 2023 - 13:02 • Lusa
O presidente da Duma, Vyacheslav Volodin, alertou este sábado que a Rússia não receberá os cidadãos exilados de "braços abertos", após a inclusão do ex-primeiro-ministro Mikhail Kasyanov na lista de agentes estrangeiros.
"Aqueles que regressam do estrangeiro devem entender que ninguém os espera aqui de braços abertos. Eles cometeram traição contra a Rússia, as suas famílias e os seus entes queridos", afirmou Volodin no seu canal oficial no Telegram.
Numa publicação em que relata as experiências de alguns destes cidadãos russos que deixaram o país e agora, por não encontrarem trabalho ou alojamento no estrangeiro, estão a regressar, Volodin sustenta: "Já disse isso antes e agora quero enfatizar: temos uma pátria, a Rússia. Devemos estar com ela em várias situações".
Volodin garantiu que, se as ações desses exilados violarem a legislação em vigor, "cada um deverá responder por isso, independentemente de onde esteja".
O ex-primeiro-ministro russo Mikhail Kasyanov foi incluído na noite passada na lista de agentes estrangeiros por alegadamente difundir informações "falsas" sobre decisões tomadas pelas autoridades.
"Ele manifestou-se contra a operação militar especial na Ucrânia", assinala o comunicado do Ministério da Justiça, que também o acusou de fazer parte do Comité Antiguerra da Rússia, criado três dias após o início das hostilidades no país vizinho.
Kasyanov, que deixou a Rússia em junho de 2022, foi chefe do Governo durante o primeiro mandato presidencial do atual chefe do Kremlin, Vladimir Putin.
O ex-primeiro-ministro participou em fevereiro de 2020 no último grande protesto autorizado contra Putin, por ocasião do quinto aniversário do assassinato, frente ao Kremlin, do seu aliado, Boris Nemtsov.
Centenas de milhares de pessoas abandonaram a Rússia desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, incluindo muitos homens em idade militar que se recusaram a ser mobilizados.
O êxodo de numerosos escritores, cantores e artistas russos foi comparado ao exílio de mais de 200 intelectuais da União Soviética em 1922, a bordo dos chamados "Navios dos Filósofos".
Vários ativistas e 'bloggers' foram detidos quando regressaram à Rússia devido às suas declarações e gestos contra o Kremlin ou a campanha militar russa na Ucrânia.