02 dez, 2023 - 15:45 • Lusa
Pelo menos 118 países comprometeram-se este sábado a triplicar a capacidade de produção de energias renováveis, anunciou o presidente da COP28, Sultan Al Jaber, numa lista que não inclui os principais produtores ou consumidores de combustíveis fósseis.
Este compromisso, não vinculativo, assumido na 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28) pretende garantir que o objetivo seja incluído em qualquer acordo final da COP28.
"Peço respeitosamente a todas as partes (na COP) que se juntem a nós o mais rapidamente possível", disse Sultan Al Jaber, citado pela AFP, no pódio do evento, que está a decorrer no Dubai. "Isto pode e vai ajudar o mundo a afastar-se do carvão" sem captura de carbono.
A lista fornecida pela presidência da COP28 não inclui os maiores países produtores ou consumidores de combustíveis fósseis: Rússia, Arábia Saudita, China, Irão, Iraque, Venezuela, Kuwait, Qatar, entre outros.
Os subscritores comprometeram-se a "trabalhar em conjunto" para aumentar a capacidade global de energias renováveis (eólica, solar, hídrica, entre outras) para 11.000 gigawatts (GW) até essa data, em comparação com os cerca de 3.400 GW atuais, tendo em conta "os diferentes pontos de partida e circunstâncias nacionais" das várias nações.
No final de 2022, a capacidade global era de 3.372 GW, de acordo com a Agência Internacional para as Energias Renováveis, dominada pela energia hidroelétrica (37%) e solar (31%).
Os países também se comprometeram a duplicar a taxa anual de aumento da eficiência energética até 2030, de 2% para 4%, sendo que estes compromissos não são vinculativos.
A União Europeia lançou um apelo nesse sentido na primavera, apoiado pela presidência da COP28 e depois sucessivamente pelos países do G7 e do G20 (80% das emissões mundiais de gases com efeito de estufa).
"Com este objetivo global, estamos a enviar uma mensagem muito forte aos investidores e aos mercados financeiros. Estamos a mostrar-lhes o caminho a seguir", afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, numa entrevista à AFP no Dubai.
O primeiro-ministro português, António Costa, por sua vez, defendeu hoje a necessidade de uma ação climática global mais rápida e ambiciosa para "inverter a trajetória que levará o planeta à rutura" e avisou que "não há humanidade B".
"Inverter a trajetória que levará o nosso planeta à rutura exige uma ação mais rápida, mais concreta e mais ambiciosa, como nos pede o Secretário-Geral das Nações Unidas", afirmou António Costa perante os líderes mundiais que participam na COP28, que está a decorrer no Dubai, Emirados Árabes Unidos.
O primeiro-ministro anunciou, agora oficialmente, que Portugal vai contribuir com cerca de cinco milhões de euros para o fundo de financiamento de "perdas e danos" resultantes das alterações climáticas, um dos vários investimentos que disse serem necessários.
Cerca de 20 países apelaram este sábado, numa declaração conjunta, para a triplicação da capacidade mundial de energia nuclear até 2050, em comparação com 2020, a fim de reduzir a dependência do carvão e do gás.
O anúncio foi feito por John Kerry, enviado dos Estados Unidos para o clima, durante a 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.
A China e a Rússia, os maiores construtores de centrais nucleares do mundo, não estão entre os signatários.
Além de Estados Unidos, França e Emirados Árabes Unidos, assinaram a declaração Bulgária, Canadá, República Checa, Finlândia, Gana, Hungria, Japão, Moldova, Mongólia, Marrocos, Países Baixos, Polónia, Roménia, Eslováquia, Eslovénia, Suécia, Ucrânia, Coreia do Sul e Reino Unido.
"A declaração reconhece o papel fundamental da energia nuclear para alcançar a neutralidade em emissões de carbono até 2050 e para manter o objetivo de (limitar o aquecimento global a) 1,5°C", afirma o texto.
"Sabemos, com base na ciência, nos factos e nas provas que não podemos atingir a neutralidade carbónica até 2050 sem a energia nuclear", afirmou John Kerry.
O Presidente da Roménia, Clausus Johannites, explicou que a energia nuclear representa para o país europeu "uma fonte de energia estável que contribui para a segurança energética e para a descarbonização".
Os países signatários apelam também às instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial, para que incluam a energia nuclear nos financiamentos aprovados.
"Existem disposições estatutárias, por vezes em certas instituições de crédito internacionais, que excluem a energia nuclear. Penso que isso é completamente obsoleto", afirmou à agência France-Presse o diretor-geral da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi.
Os promotores da energia nuclear dizem que esta é flexível, praticamente não emite gases com efeito de estufa e é um meio incomparável de produzir eletricidade limpa e abundante.
Do outro lado, alguns ecologistas apontam pontos negativos, como riscos de acidentes e o elevado custo desta energia.