02 dez, 2023 - 23:02 • Lusa
"Não cometerei o erro de permitir que a Autoridade Palestiniana governe em Gaza, seria o mesmo” que o Hamas, declarou Netanyahu numa conferência de imprensa transmitida pela televisão, em que defendeu “uma nova visão, uma mudança” no enclave palestiniano, que inclua “segurança e controlo israelita”.
Os Estados Unidos, o principal aliado de Israel, defenderam a unificação da Faixa de Gaza e da Cisjordânia sob o domínio da Autoridade Palestiniana, uma vez terminada a guerra, mas Netanyahu afirmou que a Autoridade Palestiniana e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) palestiniano têm em comum “a ideologia que nega a existência de Israel”.
A guerra que Israel trava contra o Hamas na Faixa de Gaza desde 07 de outubro continuará até que “todos os seus objetivos sejam cumpridos”, em especial a destruição do movimento islamita palestiniano, sublinhou hoje o chefe do Governo israelita.
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“Não podemos atingir esses objetivos sem prosseguir as operações no terreno”, que “foram essenciais para alcançar os resultados até agora”, acrescentou.
Esta foi a sua primeira conferência de imprensa desde o fim, na sexta-feira de manhã, de uma trégua de uma semana entre Israel e o Hamas – para a libertação de reféns e de presos palestinianos em prisões israelitas e para a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza — e a retomada das operações militares, em especial bombardeamentos, ao enclave palestiniano.
A 7 de outubro, combatentes do Hamas — desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel — realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo mais de 1.200 mortos, na maioria civis, 5.000 feridos e cerca de 240 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte daquele território, que está agora a avançar para sul.
A guerra entre Israel e o Hamas, que continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 15.200 mortos, na maioria civis, e mais de 40.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano pobre numa grave crise humanitária.
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Segundo Netanyahu, a única forma de alcançar o objetivo de eliminar o Hamas é através da invasão terrestre do enclave, pelo que frisou que a ofensiva continuará “até ao fim”.
“Vamos fazer todos os possíveis para trazer [os reféns] para casa, para completar a missão, mas também para destruir o Hamas e garantir que o Hamas nunca mais será uma ameaça para nós e que nenhum grupo ameace Israel a partir de Gaza”, asseverou.
“Digo-o de forma clara e simples: vamos continuar a guerra até atingirmos todos os nossos objetivos (…). Não há forma de atingir esses objetivos a não ser vencendo, e não há forma de vencer a não ser através de uma invasão terrestre”, sustentou.
Netanyahu indicou que, até agora, foram libertados 110 reféns, dos quais 86 civis israelitas, crianças, mulheres e idosos.
“Tive muita dificuldade em tomar a decisão, perguntando-me como negociar com o demónio que assassina, sequestra e viola. No entanto, naquele preciso momento, eu sabia que poderíamos salvar dezenas de vidas. Recuperámos muitas, mas a missão ainda não está concluída”, observou.
Sobre o risco de expansão do conflito a todo o Médio Oriente, o primeiro-ministro israelita reiterou hoje as ameaças ao Líbano, afirmando que o país será “destruído” se o partido-milícia xiita Hezbollah entrar em guerra com Israel.
“Vamos restabelecer a segurança no norte e no sul. Se o Hezbollah cometer o erro de entrar numa guerra em grande escala, terá destruído o Líbano com as próprias mãos”, afirmou Netanyahu no seu discurso televisivo.
“Estamos a operar no norte contra todas as iniciativas do Hezbollah contra nós. Estamos a eliminar células terroristas, afastando-as da fronteira e destruindo-lhes as munições. Vamos continuar com uma forte dissuasão no norte e a vitória total no sul”, vincou.
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