15 dez, 2023 - 17:36 • Lusa
Os islamitas Huthis do Iémen reivindicaram esta, sexta-feira, a autoria dos ataques a dois cargueiros de pavilhão liberiano no Mar Vermelho, próximo do Estreito de Bab el-Mandeb, argumentando que ambos tinham como destino Israel.
O grupo rebelde pró-iraniano que controla o Iémen disse que as ações foram realizadas em apoio ao povo palestiniano, "sujeito a assassínio, destruição e cerco na Faixa de Gaza".
"O ataque aos dois navios ocorreu depois de as tripulações se terem recusado a responder aos apelos das forças navais iemenitas", disse o chefe de operações militares do grupo, Yahya Sari, citado pela agência espanhola Europa Press.
Os navios foram identificados como sendo da empresa MSC, o "Alanya" e o "Palatium III", que "se dirigiam para a entidade israelita e foram atacados com mísseis navais". A empresa ainda não comentou os ataques.
Os Huthis juntaram-se ao conflito desencadeado pelos ataques de 7 de outubro pelo Hamas em Israel, que mataram 1.200 pessoas, segundo as autoridades israelitas.
Depois da ofensiva contra a Faixa de Gaza por parte de Israel, os Huthis ameaçaram atacar qualquer embarcação que acreditem estar a navegar para ou de Israel, embora vários navios visados não tivessem qualquer ligação aparente.
O transporte marítimo mundial tem sido cada vez mais visado, uma vez que a guerra entre Israel e o Hamas ameaça tornar-se um conflito regional mais vasto.
Bab el-Mandeb tem apenas 29 quilómetros de largura no ponto mais estreito, o que limita o tráfego a dois canais de entrada e saída, de acordo com a Administração de Informação sobre Energia dos Estados Unidos.
Cerca de 10% de todo o petróleo comercializado no mar passa pelo estreito e estima-se que 1.000 biliões de dólares (910 biliões de euros) em mercadorias passam anualmente pelo estreito.
Em novembro, os Huthis apoderaram-se de um navio de transporte de veículos ligado a Israel no Mar Vermelho, ao largo do Iémen. Os rebeldes ainda retêm o navio perto da cidade portuária de Hodeida.
Também um navio porta-contentores propriedade de um bilionário israelita foi atacado por um suposto 'drone' (aeronave sem tripulação) iraniano no Oceano Índico.
Apesar da longa guerra no Iémen, há meses que se mantém uma tentativa de cessar-fogo entre os Huthis e uma coligação liderada pela Arábia Saudita.
Este facto suscita preocupações de que um conflito mais alargado no mar - ou um potencial ataque de represália das forças ocidentais - possa reacender as tensões na nação mais pobre do mundo árabe.