22 dez, 2023 - 10:59 • Olímpia Mairos
“A camada de gelo da Antártida Ocidental pode ter colapsado totalmente durante o Último período Interglacial, há cerca de 120 mil anos, quando as temperaturas globais eram semelhantes às atuais”. A conclusão é de estudo, em que participa Catarina Siva, investigadora do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), que mostra que a genética do polvo Pareledone turqueti contém um grave alerta para o aumento do nível do mar.
Em comunicado, a Universidade de Coimbra, dá nota que o estudo, publicado na revista Science, fornece “a primeira evidência empírica de que o colapso desta camada de gelo pode acontecer mesmo sob as metas do Acordo de Paris, de limitar o aquecimento a 1,5-2 graus celsius (ºC).
De acordo com Catarina Silva, co-autora do artigo científico, a investigação ajuda a compreender se a camada de gelo da Antártida Ocidental colapsou ou não num passado recente, quando as temperaturas globais eram semelhantes às de hoje, aumentando a precisão das futuras projeções globais de aumento do nível do mar.
“Esta questão é muito importante, porque um futuro colapso total da camada de gelo da Antártida Ocidental pode levar ao aumento do nível global do mar de 3 a 5 metros”, adverte a investigadora do Centro de Ecologia Funcional (CFE) do DCV.
Segundo a investigadora, a análise genética de polvo Pareledone turqueti “permitiu identificar se e quando as populações estiveram em contacto e trocaram material genético”.
“Nós comparamos os perfis genéticos das populações nos mares de Weddell, Amundsen e Ross e encontramos conectividade genética que remonta ao Último Interglacial”, acrescenta.
Segundo os investigadores envolvidos no estudo, esta conectividade genética só seria possível se ocorresse um colapso completo da camada de gelo da Antártida Ocidental durante o Último Interglacial, abrindo rotas marítimas ligando os atuais mares de Weddell, Amundsen e Ross.
“Tal, teria permitido que o polvo atravessasse o estreito aberto e trocasse material genético, que podemos identificar no ADN das populações atuais”, lê-se no comunicado enviado à Renascença.
As descobertas do estudo, liderado por investigadoras da Universidade James Cook, Austrália, poderão contribuir para a tomada de decisões em torno de medidas de adaptação e mitigação nas regiões costeiras de todo o mundo.