22 dez, 2023 - 04:46 • Lusa
Fontes diplomáticas indicaram que a votação está prevista para sexta-feira, mas o novo texto, fruto de negociações sob a ameaça de um novo veto dos Estados Unidos, já não se assemelha à versão apresentada no domingo pelos Emirados Árabes Unidos.
O novo projeto de resolução, redigido na quinta-feira, pede "medidas urgentes para permitir imediatamente o acesso humanitário seguro e sem entraves e também para criar as condições para uma cessação duradoura das hostilidades".
A referência a uma "cessação urgente e duradoura das hostilidades", presente no primeiro texto, desapareceu, tal como o pedido menos direto, na versão seguinte, de uma "suspensão urgente das hostilidades".
"Trabalhámos árdua e diligentemente esta semana com os Emirados, com outros, com o Egito, para chegar a uma resolução que possamos apoiar", disse a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, na quinta-feira à noite.
"O projeto de resolução não foi enfraquecido. O projeto de resolução é muito forte, totalmente apoiado pelo bloco árabe", afirmou, acrescentando que "a ajuda humanitária será entregue aos que dela necessitam".
O Conselho, muito criticado pela inação desde o início da guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, está a negociar intensamente há vários dias, ao mesmo tempo que a ONU alertou para a insegurança alimentar "sem precedentes" dos habitantes de Gaza, agora ameaçados pela fome.
A votação, inicialmente prevista para segunda-feira, foi adiada várias vezes, nomeadamente na quarta-feira, a pedido dos EUA, que vetaram em 08 de dezembro um texto anterior que apelava a um "cessar-fogo humanitário" na Faixa de Gaza, bombardeada pelas forças israelitas na sequência do ataque do Hamas a 07 de outubro.
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, o Conselho só conseguiu quebrar o silêncio uma vez, com a resolução de 15 de novembro no qual pedia "pausas humanitárias". Em dois meses, rejeitou cinco outros textos, dois dos quais foram vetados pelos EUA, incluindo o último, a 08 de dezembro.
Nessa altura, apesar da pressão do secretário-geral da ONU, António Guterres, os EUA bloquearam o apelo para um "cessar-fogo humanitário", também considerado inaceitável por Israel.
O Governo do Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, anunciou na quarta-feira que as operações militares israelitas fizeram 20 mil mortos no enclave desde o início da guerra, a 07 de outubro, contabilizando também 52.600 feridos.
Israel declarou guerra ao Hamas, em retaliação ao ataque de 07 de outubro perpetrado pelo grupo em território israelita, que fez 1.139 mortos, na maioria civis, de acordo com o mais recente balanço das autoridades israelitas.
Cerca de 250 pessoas foram também sequestradas nesse dia e levadas para Gaza, 129 das quais se encontram ainda em cativeiro pelo movimento, considerado uma organização terrorista pela UE, pelos EUA e por Israel.