08 jan, 2024 - 22:23 • Lusa
O Presidente norte-americano, Joe Biden, denunciou hoje o "veneno" da supremacia branca, dizendo numa igreja da Carolina do Sul, palco de um tiroteio racista, que esta não tem lugar no país, "nem hoje, amanhã ou nunca".
Biden falou do púlpito da Igreja Madre Emanuel AME, onde em 2015 nove paroquianos negros foram mortos a tiro por um estranho branco que tinham convidado para participar nas suas reflexões bíblicas.
O discurso do líder democrata seguiu-se aos seus comentários contundentes na sexta-feira passada, na véspera do aniversário da invasão em 06 de janeiro de 2021, do Capitólio dos Estados Unidos, nos quais criticou o ex-Presidente Donald Trump por "glorificar" em vez de condenar a violência política.
Na igreja, Biden disse que "a palavra de Deus foi perfurada por balas de ódio, disparadas não apenas por pólvora, mas por veneno", acrescentando para o público maioritariamente afro-americano: "O que é esse veneno?"
"Supremacia branca", afirmou, considerando que a opinião dos brancos de que são superiores a todos os outros é um "veneno que há muito tempo tem assombrado" os Estados Unidos. "Isto não tem lugar na América, nem hoje, nem amanhã, nem nunca", declarou.
Em 17 de junho de 2015, um homem branco de 21 anos entrou na igreja e, com a intenção de iniciar uma guerra racial, atirou e matou nove paroquianos negros e feriu mais um.
Biden era vice-Presidente quando compareceu na altura numa cerimónia em Charleston, onde o então chefe da Casa Branca, Barack Obama, cantou a famosa canção "Amazing Grace".
Os assessores e aliados de Biden dizem que os tiroteios foram um dos momentos críticos em que a divisão política do país começou a aumentar e a quebrar.
Embora Donald Trump, o atual candidato presidencial republicano, não estivesse no cargo na altura e tenha considerado o tiroteio "horrível", Biden está a tentar vincular a sua retórica a este tipo de violência.
Dois anos depois do ataque, ocorreu o protesto "Unite The Right" em Charlottesville, Virgínia, marcado por violentos confrontos envolvendo grupos de extrema-direita supremacistas e Trump disse apenas que "há culpa de ambos os lados".
Biden e os seus assessores argumentam que tudo faz parte do mesmo problema e que Trump recusou-se a condenar as ações dos nacionalistas brancos naquela reunião e usou repetidamente a retórica nazi usada por Adolf Hitler para argumentar que os imigrantes que entram ilegalmente nos Estados Unidos estão a "envenenar o sangue do país", mas insistiu que ele não tinha ideia de que uma das figuras mais infames do mundo usara palavras semelhantes.
E Trump tem repetido continuamente as suas falsas alegações de que ganhou as eleições de 2020, bem como a sua afirmação de que os invasores do Capitólio eram patriotas.
No seu discurso para assinalar os eventos de 06 de janeiro, Biden disse aos presentes que o seu provável adversário nas eleições presidenciais de novembro não se importa com o futuro deles.
"Trump agora está a prometer uma campanha em grande escala de 'vingança' e 'retribuição' -- suas palavras -- por alguns anos", disse Biden.
O Presidente dos Estados Unidos sugeriu repetidamente que a própria democracia está em escrutínio este ano nas eleições presidenciais, questionando se ainda é "a causa sagrada da América".
Trump, que enfrenta 91 acusações criminais decorrentes dos seus esforços para anular a derrota para Biden e três outros casos criminais, argumenta que o Presidente norte-americano e outros democratas de topo estão eles próprios a tentar minar a democracia, usando o sistema legal para frustrar a sua campanha.