12 jan, 2024 - 22:24 • Lusa
Israel criticou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos por não ter exigido à libertação dos reféns detidos em Gaza na declaração feita esta sexta-feira.
"Nem uma palavra para exigir a libertação dos reféns detidos em Gaza", lamentou a representação de Israel junto da ONU em Genebra na rede social X (antigo Twitter).
"Um apelo ao cessar-fogo sem exigir a libertação dos nossos reféns e o desarmamento do Hamas é um apelo à vitória do terrorismo", acrescenta a publicação.
A representação israelita reagiu assim à declaração feita, esta sexta-feira, aos jornalistas pelo Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos sobre "as recorrentes falhas de Israel" no respeito do direito internacional humanitário, bem como dos princípios de "distinção, proporcionalidade e precaução" na condução das hostilidades.
"O alto comissário sublinhou que o não cumprimento destas obrigações pode resultar em processos por crimes de guerra e também alertou para os riscos de outros crimes de atrocidade", disse uma porta-voz, Elizabeth Throssell, durante uma conferência de imprensa em Genebra.
Os crimes de atrocidade, considerados os mais atentatórios para o ser humano, incluem genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
A guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada pelo atraque sem precedentes lançado em 07 de outubro pelo grupo islamita contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns e cerca de 1.140 mortos, a maioria civis.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
Pelo menos 23.469 pessoas morreram em resultado das operações militares israelitas, a maioria mulheres, adolescentes e crianças, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
Na declaração de hoje, o Alto Comissariado menciona os reféns e refere que cerca de 136 continuam detidos por "grupos armados palestinianos", sem apelar expressamente à sua libertação, que já tinha feito em declarações anteriores.
Afirma, no entanto, que "centenas de palestinianos foram detidos arbitrariamente em locais desconhecidos, tanto dentro como fora de Gaza", estimando que em muitos casos tratam-se de "desaparecimentos forçados".
"Algumas destas pessoas foram libertadas e alegaram ter sido vítimas de maus-tratos e tortura" por parte do exército israelita, disse a porta-voz.
"Israel deve pôr fim imediatamente à detenção arbitrária, à tortura, aos maus-tratos e aos desaparecimentos forçados de palestinianos em Gaza, e deve investigar de forma independente e eficaz estes atos, processar os perpetradores e prevenir qualquer recorrência", acrescentou.
O Alto Comissariado indica ainda que conseguiu verificar que 330 palestinianos, incluindo 84 crianças, foram mortos entre 7 de outubro e 10 de janeiro na Cisjordânia.