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Candidato de partido pró-independência vence eleições presidenciais em Taiwan

13 jan, 2024 - 12:02 • Marta Pedreira Mixão

Lai tem sido considerado um "agitador" pela China, enquanto o KMT "prometia" melhores laços com Pequim e paz no Estreito de Taiwan.

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Foto: Ritchie B. Tongo/EPA
Foto: Ritchie B. Tongo/EPA

O candidato do Partido Democrático Progressista (DPP), Lai Ching-te (também conhecido como William Lai), foi eleito Presidente de Taiwan, onde decorreram este sábado eleições presidenciais e legislativas, num momento marcado por tensões diplomáticas com a China.

Lai Ching-te, que ocupava o cargo de vice da presidente Tsai Ing-wen e que já passou por vários cargos políticos na ilha ao longo dos anos, chega agora ao cargo mais importante: o de Presidente.

Apesar de se ter descrito como um "trabalhador prático para a independência de Taiwan", Lai afirmou que a sua prioridade é a segurança do território, sublinhando que não tenciona declarar a independência e comprometendo-se a preservar o "statu quo" e a assegurar o diálogo com Pequim. Taiwan, segundo Lai, já é soberana sob o seu nome oficial e, por isso, considera que não há necessidade de formalizar a separação e arriscar um conflito.

Durante a campanha, contudo, apresentou-se também como a escolha segura para fazer frente a Hou, que defendia um compromisso com Pequim para aliviar as tensões. Lai prometeu manter a abordagem da Presidente Tsai Ing-wen, que abandonará o cargo depois de ter cumprido o máximo de dois mandatos, sublinhando a influência desta na definição do debate sobre a defesa e a política externa de Taiwan.

Lai prometeu também trabalhar em colaboração com os Estados Unidos para reforçar as defesas de Taiwan, numa altura em que a confiança entre a China e os EUA está fragilizada e em que se tem verificado uma escalada do assédio militar chinês.

Hou Yu-ih, do Kuomintang (KMT), que era o seu principal opositor, admitiu este domingo a derrota, ainda durante a contagem dos votos - Lai regista já mais de cinco milhões de votos e Hou tem quatro milhões - e agradeceu aos apoiantes no seu comício e felicitou William Lai.

"Espero que todos os partidos possam enfrentar os desafios de Taiwan. Precisamos de uma Taiwan unida", afirmou.
"Temos muitas questões e problemas, precisamos de um governo que os resolva e precisamos de um governo que também sirva os seus jovens. Se o KMT avançar, seremos mais fortes... e daremos grandes saltos em frente", acrescentou.

Pouco depois de o KMT ter reconhecido a derrota na corrida presidencial, Ko Wen-je, do recém-criado Partido Popular de Taiwan (TPP) também cedeu, reconhecendo a vitória do candidato do DPP.

O antigo médico de 64 anos, formado em Harvard, tomará posse em maio. Esta é a terceira vitória consecutiva do DPP e desde a democratização, nos anos '90, que nunca um partido esteve tanto tempo seguido no poder.

Nos últimos oito anos, Pequim tem sido muito crítica em relação à atual líderança de Taiwan, por Tsai Ing-wen, mas a preocupação é que Lai possa ir ainda mais longe do que Tsai com Pequim. Os apoiantes de Lai defendem que o verdadeiro perigo está numa presidência do KMT, por temerem que a China não se contente com uma aproximação e que empurre Taiwan para a unificação.

Lai ganhou proeminência nos dias em que o partido apoiava abertamente a independência formal de Taiwan. Enquanto jovem legislador e depois presidente da Câmara de Tainan, tornou-se uma figura proeminente de uma nova "fação" do partido, que chegou a defender a inclusão de uma cláusula sobre a independência de Taiwan nos estatutos do partido.

Por outrora se ter assumido como um defensor da independência de Taiwan, Lai tem sido considerado um "agitador" por parte da China, apesar de agora o recém-eleito presidente defender esforços do Partido Democrático Progressista para manter a paz com Pequim. A China tinha deixou, por isso, clara a sua antipatia por Lai, considerando a sua eleição um "perigo sério" para o processo de paz e apelando, anteriormente, a que os eleitores fizessem "a escolha certa", sugerindo que o KMT "prometia" melhores laços e paz no Estreito de Taiwan.

"Espero sinceramente que a maioria dos compatriotas de Taiwan reconheça o perigo extremo da linha de 'independência de Taiwan' do DPP e o perigo extremo de Lai Ching-te desencadear confrontos e conflitos através do Estreito, e que faça a escolha certa”, referia um comunicado do gabinete chinês para os Assuntos de Taiwan.

A China considera Taiwan uma das suas províncias - que ainda não conseguiu reunificar com o resto do seu território desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949 - e diz ser a favor de uma reunificação pacífica com a ilha, onde os cerca de 23 milhões de habitantes são governados por um sistema democrático.

Taiwan está assim numa espécie de "zona cinzenta", tendo o seu próprio governo e uma identidade distinta, mas devido às objeções da China, mantém relações diplomática apenas com 13 países e não tem um lugar formal nas Nações Unidas ou noutros organismos internacionais. Porém, alguns países, como é o caso dos Estados Unidos mantêm fortes laços com Taiwan.

[Em atualização]

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