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EUA

Trump favorito à Casa Branca? "Só se houver uma falha muito grande na campanha de Biden"

16 jan, 2024 - 11:19 • André Rodrigues

José Pedro Teixeira Fernandes considera que a vitória nas primárias do Iowa dá vantagem a Donald Trump na nomeação republicana para o embate com Joe Biden nas presidenciais de novembro. Contudo, o investigador do IPRI admite que, apesar da incerteza motivada pela situação política norte-americana, "pode haver alguma evolução que não seja só pela negativa". Em causa estão os conflitos no Médio Oriente e na Ucrânia e o envolvimento norte-americano na tensão China-Taiwan, renovada pela vitória dos independentistas.

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A vitória de Donald Trump nas eleições primárias do Partido Republicano confirma o favoritismo do ex-Presidente dos EUA na escolha para defrontar Joe Biden nas eleições de novembro, mas, para José Pedro Teixeira Fernandes, professor universitário e investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), as circunstâncias que culminaram com a eleição de Trump em 2016 podem não se verificar desta vez.

Entrevistado pela Renascença, este especialista considera que “as hipóteses de Trump chegar ao poder será uma espécie de repetição do que ocorreu em 2016”.

No entanto, tal cenário só será, eventualmente, repetível “se houver uma falha muito grande na campanha de Biden”.

Apesar dos processos judiciais envolvendo o 45.º Presidente dos Estados Unidos, as sondagens mais recentes não favorecem a atual administração, “mas penso que só com erros significativos, e uma conjugação muito peculiar de circunstâncias” é que Trump poderá ter a porta aberta para regressar à Casa Branca.

Seja como for, a incerteza até que fique clarificada a situação política norte-americana vai dominar praticamente o ano inteiro, com tensões geopolíticas no Médio Oriente, na Ucrânia e em Taiwan.

José Pedro Teixeira Fernandes reconhece que todas estas parcelas da complexa equação serão moldadas em função de quem saia vencedor nos EUA.

Sem prejuízo da indefinição conjuntural, o investigador do IPRI admite que “também pode haver alguma evolução que não seja só pela negativa”.

E exemplifica: “uma das questões que eu me interrogo é se, com o avançar do ano, os Estados Unidos não irão aumentar a pressão sobre Israel, no sentido de parar as operações militares em Gaza. Porque, visto na perspetiva de Joe Biden, ao contrário do que acontece com a guerra da Ucrânia, este conflito e o apoio que tem sido dado a Israel têm provocado mais fraturas e mais contestação no próprio Partido Democrata, que tem obviamente necessidade de estar o mais unido possível nesta campanha eleitoral e, depois, na batalha das presidenciais”.

Essa necessidade de Biden não comprometer o resultado eleitoral, pode levar, “pelo menos, a um cessar-fogo no Médio Oriente”, afirma.

Trump e os riscos da Rússia

Mas, e se Donald Trump vencer? Como fica a Europa, no quadro do conflito entre Rússia e Ucrânia e perante um Presidente norte-americano que já chegou a ameaçar retirar o país da NATO?

Teixeira Fernandes começa por assinalar que uma eventual vitória do republicano, “que não é assim tão provável como às vezes se discute”, seria o cenário ideal para o Kremlin, “pela ideia de divisão do Ocidente, porque a possibilidade de uma ação coordenada para apoiar a Ucrânia, seria certamente posta em causa”.

No entanto, este especialista avisa que tal não deverá, necessariamente, significar que Moscovo possa aproveitar-se dessa “confusão nas relações atlânticas” para confirmar os piores receios do Ocidente, com um ataque à Europa, no curto prazo.

Além disso, acrescentam, “não me parece que haja vontade da Rússia de avançar com um ataque aos estados europeus. Primeiro, porque a Rússia, embora neste momento pareça estar numa posição razoavelmente favorável no conflito da Ucrânia, essa posição está muito relacionada com as expectativas de uma vitória total da Ucrânia, porque se nós colocarmos a questão relativamente ao que era o objetivo inicial da Rússia - que era dominar a Ucrânia toda - isto continua a ser uma derrota clara da Rússia”.

E, finalmente, Teixeira Fernandes lembra que “um ataque da Rússia a um estado europeu da NATO implicaria, para a Rússia, um risco elevadíssimo. E os próprios Estados Unidos, se nada fizessem, não iam pôr em causa não apenas a NATO, mas também a sua credibilidade como potência global”.

Mesmo com Donald Trump, provavelmente isso não funcionaria assim”, remata.

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