22 jan, 2024 - 08:39 • Lusa
Dezenas de pessoas foram detidas, no domingo, no Equador, durante uma tentativa de assalto a um hospital, novo episódio de violência neste país abalado pela guerra entre gangues.
"Neutralizámos os suspeitos de terrorismo que tentavam apoderar-se de um hospital em Yaguachi", na província de Guayas, no sudoeste do Equador, declarou a polícia na rede social X (antigo Twitter).
Os atacantes pretendiam "proteger um membro ferido da organização", admitido no hospital ao início da manhã, indicou a mesma fonte.
A polícia apreendeu também armas de fogo e droga. Um "centro de reeducação" clandestino, onde "estavam escondidos" presumíveis membros da organização, foi igualmente alvo de buscas, adiantou.
As autoridades encerraram recentemente vários centros deste tipo, principalmente hospitais clandestinos geridos por gangues que, de acordo com as autoridades, não dispõem equipamento médico necessário para tratar doentes.
No domingo, cerca de 10 toneladas de droga foram também apreendidas perto de Vinces, na província ocidental de Los Rios, disse o exército na rede social X.
No mesmo dia, a Comunidade Andina das Nações (CAN), reunida em cimeira em Lima, debateu a situação no Equador, em luta contra a violência relacionada com o narcotráfico, e definiu um mecanismo de ajuda mútua para combater o crime organizado nas áreas de fronteira.
Bolívia, Colômbia, Equador e Peru anunciaram a criação da primeira "rede andina de segurança" contra o crime organizado, indicaram, em comunicado oficial.
Esta rede garantirá "um serviço 24 horas por dia, sete dias por semana, para fornecer e receber informações e/ou solicitar informações a outros países sobre a atividade de grupos criminosos que têm, ou podem ter, operações transnacionais", afirmaram os ministros dos Negócios Estrangeiros, do Interior e da Defesa da CAN.
"Fizemos história, escrevemos um novo capítulo na história da CAN", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros equatoriana, Gabriela Sommerfeld.
"O medo paralisa os países", sublinhou Sommerfeld. "Vimos que o medo paralisou o Equador, paralisou o investimento, aumentou o desemprego e a migração", acrescentou.
A proliferação e a expansão do tráfico de droga e dos gangues de extorsão no Equador colocaram as zonas fronteiriças em alerta máximo.
Considerado um país relativamente seguro, o Equador tem estado mergulhado na violência nos últimos cinco anos, num contexto de abrandamento económico e de empobrecimento na sequência da pandemia da Covid-19, e com a taxa de homicídios a passar de seis para 46 por 100 mil habitantes, no ano passado.
Situado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores mundiais de cocaína, o Equador esteve durante anos ao abrigo da violência associada ao tráfico de droga.