24 jan, 2024 - 18:19 • Lusa
O Presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, acusou nesta quarta-feira Israel de dificultar a entrada de ajuda humanitária através da passagem de Rafah na Faixa de Gaza e isentou o seu país de responsabilidades por falhas nas entregas.
“A passagem de Rafah está aberta 24 horas por dia, sete dias por semana, 30 dias em cada mês”, sublinhou o Presidente egípcio, que culpa as autoridades israelitas por dificultarem a entrada de ajuda.
“Esta é uma forma de pressão que o lado israelita está a exercer sobre a Faixa de Gaza para conseguir a libertação dos reféns”, criticou Al-Sisi durante o seu discurso na cerimónia de aniversário da Polícia, segundo o jornal egípcio Youm7.
A mediação do conflito em curso entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, processo que conta com o Egito e o Qatar como principais impulsionadores, anunciou na semana passada um acordo para o envio de medicamentos e outro tipo de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, nomeadamente para as zonas mais afetadas e vulneráveis, em troca de remédios para os reféns israelitas ainda na posse do movimento palestiniano.
A diplomacia do Qatar indicou que o acordo foi alcançado em cooperação com a França.
Anteriormente, no âmbito da mediação do Qatar, Egito e Estados Unidos, foi alcançada uma trégua entre 24 e 30 de novembro, que incluiu a libertação de 105 reféns detidos pelo Hamas em troca de 240 prisioneiros palestinianos e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Israel intensificou desde segunda-feira a sua ofensiva em zonas de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, onde as suas tropas terrestres quase não tiveram presença, segundo a imprensa local, e onde tenta atacar e enfraquecer as milícias palestinianas.
O cerco de Khan Yunis volta a marcar a guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, num cenário de frio e de falta de comida, água potável, recursos básicos ou de eletricidade devido à falta de combustível, entre a devastação generalizada de infraestruturas.
Por outro lado, segundo fontes de segurança egípcias na segunda-feira, o Hamas rejeitou a proposta de trégua de Israel, que, de acordo com o jornal digital israelita Walla, oferecia uma pausa de dois meses na ofensiva pela libertação dos reféns e em troca de prisioneiros palestinianos.
De acordo com um alto dirigente do Egito, o Hamas recusa-se a libertar mais reféns até que a guerra termine completamente e as forças israelitas sejam completamente retiradas do enclave palestiniano.
O mais recente conflito entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita, matando cerca de 1.140 pessoas, na maioria civis, e levando mais de 200 reféns, segundo números oficiais de Telavive.
Em retaliação, Israel, que prometeu eliminar o movimento islamita palestiniano considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde, segundo as autoridades locais tuteladas pelo Hamas, já foram mortas mais de 25.000 pessoas — na maioria mulheres, crianças e adolescentes.
O conflito provocou também cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.