26 jan, 2024 - 07:00 • Lusa
O governo ucraniano admitiu a possibilidade de o avião russo abatido na zona fronteiriça com a Ucrânia transportar 65 prisioneiros ucranianos para uma troca, algo que negava até agora, afirmando que a aeronave transportava armas.
"Se a informação de que havia prisioneiros de guerra ucranianos for confirmada, estaremos perante outra grave violação do direito humanitário internacional por parte da Rússia, no primeiro caso em que a Rússia utiliza escudos humanos no ar para cobrir o transporte de mísseis", disse a diplomata.
Esta é a primeira declaração oficial ucraniana a admitir que a informação fornecida pela Rússia pode ser verdadeira, ou seja, que o avião transportava 65 prisioneiros, três guardas e seis tripulantes, todos mortos por um projétil ucraniano.
A representante ucraniana avançou outro pormenor que também apoia a tese russa, ao afirmar que o seu país registou uma queixa criminal contra a Rússia por ter violado o artigo 130 da Convenção de Genebra "ao ter omitido o seu dever de garantir a segurança dos prisioneiros", ao usar "um meio de transporte que é um alvo legítimo (de guerra) devido ao uso militar".
No entanto, a diplomata insistiu que, de acordo com informações dos serviços secretos militares ucranianos, apenas cinco corpos foram admitidos na morgue da cidade de Belgorod, na sequência do acidente.
Hayovyshyn pediu, mais uma vez, uma investigação internacional urgente sobre os acontecimentos disse que, seja qual for o resultado, "a responsabilidade final recai sobre a Rússia" por ter lançado a guerra contra a Ucrânia.
Na mesma sessão do Conselho de Segurança a intervenção da subsecretária-geral das Nações Unidas para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, esclareceu que a ONU não podia confirmar de forma independente as acusações cruzadas da Rússia e da Ucrânia relativamente ao incidente.
Além disso, também o vice-representante dos Estados Unidos na ONU, Robert Wood, não negou a veracidade da versão russa dos acontecimentos.
"Embora seja demasiado cedo para tirar conclusões, uma coisa é clara: quando o presidente russo, Vladimir Putin, tomou a decisão de invadir ilegalmente a Ucrânia, demonstrou total desrespeito pelo valor da vida humana, incluindo dos próprios cidadãos. Não estaríamos nesta posição, e incidentes como este não aconteceriam, se não fosse a invasão ilegal em grande escala da Rússia em fevereiro de 2022", argumentou, por sua vez, o diplomata britânico James Kariuki, numa posição repetida pela maioria dos diplomatas presentes na reunião.