29 jan, 2024 - 21:40 • Ricardo Vieira
A doença de Alzheimer pode ser transmitida a seres humanos através de acidentes médicos raros, segundo um estudo divulgado esta segunda-feira no jornal Nature Medicine.
Os investigadores britânicos detetaram uma mão cheia de casos de pessoas que desenvolveram Alzheimer precoce depois de receberem hormonas de crescimento extraídas de cadáveres.
Os cientistas acreditam que, nestes casos, as hormonas estavam contaminadas com proteínas que semearam a doença no cérebro do recetor.
“Não estamos a sugerir, de forma alguma, que se pode apanhar Alzheimer. A doença não é transmissível como uma infeção viral ou bacteriana”, esclarece ao jornal “The Guardian” o professor John Collinge, co-autor do estudo e diretor do MRC Prion Unit, Instituto de Doenças Priónicas, em Londres.
John Collinge explica que os casos de transmissão de Alzheimer aconteceram “apenas quando as pessoas foram inoculadas acidentalmente, essencialmente, com tecido humano ou extratos de tecido humano contendo essas sementes, o que felizmente é uma circunstância muito rara e incomum”.
Entre 1959 e 1985, pelo menos 1.848 pacientes no Reino Unido receberam hormonas humanas de crescimento provenientes de glândulas pituitárias de cadáveres, situadas na base do cérebro.
O procedimento foi banido em 1985, depois de 80 pacientes morrerem com a doença de Creutzfeldt-Jakob.
Destas oito dezenas de casos no Reino Unido, alguns também tinham no cérebro a proteína beta-amilóide, uma marca da doença de Alzheimer.