31 jan, 2024 - 05:14 • Lusa
Os líderes das principais agências humanitárias da ONU pediram a mais de uma dezena de países que retomem o financiamento da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês).
"O mundo não pode abandonar Gaza", afirmou-se numa carta assinada por mais de uma dezena de dirigentes, incluindo o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, e o diretor da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Mais de 15 países, incluindo grandes doadores, como os EUA, o Reino Unido, o Canadá e a Alemanha, suspenderam o financiamento à UNRWA na semana passada, depois de Israel acusar uma dúzia dos 30 mil funcionários da agência de estarem associados ao ataque do Hamas em solo israelita, em 7 de outubro.
Os líderes da ONU explicaram na carta que deixar a UNRWA sem financiamento "levaria ao colapso do sistema humanitário em Gaza".
"As acusações de participação de vários funcionários da UNRWA nos ataques atrozes contra Israel em 7 de Outubro são horríveis", lê-se na carta.
"No entanto, não devemos impedir que uma organização inteira cumpra o seu mandato de servir pessoas que dela necessitam desesperadamente", acrescentou o documento.
O secretário-geral da ONU, o português António Guterres, reuniu-se na terça-feira em Nova Iorque com 35 Estados-membros, mais a União Europeia, para tentar garantir a continuidade do trabalho da UNRWA, da qual dependem milhões de palestinianos.
No mesmo dia, o Canadá anunciou que vai atribuir 40 milhões de dólares canadianos (27,5 milhões de euros) para Gaza, através de outras agências da ONU.
A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse que Washington não descarta a retoma do financiamento, mas que são necessárias "mudanças fundamentais" no seu funcionamento da agência.
A UNRWA anunciou que já rescindiu os contratos de todos os alegados envolvidos no ataque contra Israel e abriu uma investigação.
A agência trabalha para fornecer apoio, proteção e satisfazer as necessidades mais básicas de cerca de 5,6 milhões de refugiados palestinianos registados na Jordânia, no Líbano, na Síria, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.