09 fev, 2024 - 22:40 • João Pedro Quesado com Lusa
No dia em que foi conhecida a intenção do primeiro-ministro israelita de colocar tropas no extremo-sul da Faixa de Gaza, Israel entrou num hospital de Khan Younis para fazer buscas. A norte, na fronteira com o Líbano, o grupo libanês Hezbollah reivindicou esta sexta-feira o lançamento de dezenas de foguetes contra um quartel militar de Israel, o segundo ataque do género em menos de 24 horas.
De acordo com o jornal israelita "Haaretz", as forças israelitas entraram no hospital Al Amal, em Khan Younis, na zona sul da Faixa de Gaza. O motivo para a operação de buscas, diz o jornal, seguiu-se a informações que indicam que elementos e infraestruturas do Hamas estarão presentes no interior do hospital.
Segundo a "Al-Jazeera", o hospital Al Amal acolhe milhares de pessoas deslocadas e tem estado debaixo de fortes bombardeamentos e um cerco de 10 dias.
O Hezbollah atacou o quartel Quela nas Colinas de Golã - um território que Israel capturou na Síria na Guerra dos Seis Dias de 1967 -, às 17h50 locais.
Este foi o segundo lançamento em massa de foguetes desde quinta-feira à noite, quando disparou dezenas do mesmo tipo de projétil contra uma base que abriga o quartel-general da Terceira Brigada de Infantaria do Exército israelita.
Poucas horas antes desse primeiro lançamento, o Hezbollah tinha atacado a Base de Vigilância Aérea de Meron, também no norte de Israel e um dos maiores alvos da formação desde o início dos combates, há quatro meses.
Israel
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Segundo o grupo xiita, o centro Meron é o único destinado à "gestão, vigilância e controlo aéreo" no norte de Israel e coordena todas as operações aéreas israelitas contra o Líbano, a Síria e outros países próximos.
Três pessoas terem ficado feridas na quinta-feira, na sequência de um ataque israelita com 'drone' contra a cidade de Nabatieh, longe da fronteira comum e que nunca tinha sido atacada desde outubro.
O Hezbollah ainda não confirmou se as vítimas pertencem às suas fileiras. O Exército israelita mencionou Nabatieh entre as zonas que atacou quinta-feira e que teve como alvo um camião com armas, infraestruturas ou uma instalação militar do movimento libanês, sem apresentar mais detalhes.
A Human Rights Watch, organização internacional de defesa dos direitos humanos, declarou que forçar centenas de milhares de palestinianos deslocados a sair de Rafah colocaria estas pessoas em perigo.
Numa publicação na rede social X, Omar Shakir, o diretor da HRW para Israel e a Palestina, afirmou que "forçar mais de um milhão de palestinianos em Rafah a evacuar de novo seria ilegal e teria consequências catastróficas".
"Não há lugar nenhum seguro para ir em Gaza. O Tribunal Penal Internacional ordenou Israel a prevenir genocídio. A comunidade internacional deve agir para prevenir mais atrocidades", acrescentou.
O presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas também exprimiu alarme com o plano israelita.
"Estou chocado e profundamente consternado pelas notícias de uma ofensiva militar israelita no sul da Faixa de Gaza. Junto-me ao Secretário-Geral a pedir, em nome das multidões de civis inocentes sem nenhum lugar seguro para ir", declarou Dennis Francis.