23 fev, 2024 - 08:11 • Lusa
O Presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador revelou publicamente o número de telefone de um jornalista do New York Times, em contestação a uma investigação que liga a sua equipa ao tráfico de droga.
Na quinta-feira, durante a habitual conferência de imprensa transmitida pela televisão, López Obrador leu as perguntas enviadas pelo jornal, que solicitava uma reação, divulgando de passagem o telefone do jornalista.
O jornal New York Times denunciou na rede social X uma "tática preocupante e inaceitável por parte de um líder mundial num momento em que as ameaças contra jornalistas estão a aumentar".
A investigação publicada na quinta-feira em inglês e espanhol pelo jornal revela que uma investigação das autoridades norte-americanas aponta "possíveis ligações entre poderosos operadores de cartéis e funcionários e assessores" próximos a López Obrador, noticiou a agência France-Presse (AFP).
O artigo afirma que alguém próximo do Presidente conheceu Ismael Zambada, um dos líderes do Cartel de Sinaloa, antes da vitória eleitoral de López Obrador em 2018.
"Os Estados Unidos nunca abriram uma investigação formal contra López Obrador e os responsáveis pela investigação arquivaram-na", detalhou o New York Times.
O Presidente mexicano instou a administração norte-americana liderada pelo democrata Joe Biden a dar explicações.
No final de janeiro, Tim Golden, duas vezes vencedor do Prémio Pulitzer, publicou uma investigação no meio de comunicação 'online' ProPublica que alega que o Cartel de Sinaloa pagou dois milhões de dólares (1,8 milhões de euros, à taxa de câmbio atual) à primeira das três campanhas de López Obrador, em 2006.
O chefe de Estado mexicano denunciou "práticas imorais" e calúnias, acusando os seus adversários políticos de serem responsáveis pelas acusações, poucos dias antes do lançamento oficial da campanha para as eleições presidenciais de 02 de junho.
A candidata do partido no poder Morenoa, Claudia Sheinbaum, é a clara favorita.
Em 26 de janeiro, um especialista em cibersegurança denunciou no México a fuga de informações pessoais de mais de 300 jornalistas, aparentemente provenientes de uma base de dados presidencial, causando preocupação entre os defensores da liberdade de imprensa.
O Presidente mexicano prometeu uma investigação, acusando os seus adversários de quererem travar uma "guerra suja" poucos meses antes das eleições.