28 fev, 2024 - 15:51 • Miguel Marques Ribeiro
Os separatistas russos da região moldova da Transnístria pediram a Moscovo “proteção”, depois da realização de um congresso especial de deputados, avançou a RFI (Radio France Internationale).
Numa nota publicada no site oficial do governo separatista, não reconhecido internacionalmente, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Vitaly Ignatiev, afirmou que as autoridades da Moldávia desencadearam uma “guerra económica” contra a Transnístria, violando acordos já estabelecidos.
Estas declarações criam uma expectativa acrescida relativamente ao discurso que Vladimir Putin vai realizar esta quinta-feira, perante a Assembleia Federal Russa.
Na pior das hipóteses, o presidente russo poderia declarar a anexação daquele território, algo porém considerado pouco provável pelos analistas de política internacional, nomeadamente o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW).
Este think tank sediado em Washington tinha avisado na quinta-feira passada (22) que a Transnístria estaria a preparar-se para anunciar a realização de um referendo sobre uma anexão pela Federação Russa.
Os analistas do think tank lembram que “o Kremlin considera inaceitável o estatuto de candidatura da Moldávia à UE” e que o Kremlin poderia assim usar a Transnístria como um instrumento para inviabilizar o processo de adesão do país do leste europeu.
Ao mesmo tempo, o território poderia ainda servir para “executar operações de guerra híbrida contra a Moldávia, a Ucrânia e a NATO”. O objetivo seria “desestabilizar a Moldávia utilizando a Transnístria, a fim de criar uma crise no flanco sudeste da NATO”.
A Transnístria (cujo nome significa literalmente “além do rio Dnistre”) é uma faixa de território que divide a Ucrânia da Moldávia, o que lhe confere uma importância estratégica, no âmbito da invasão da Ucrânia e do novo quadro de tensão crescente entre a Rússia e a NATO.
Os separatistas de origem russa declaram a independência da Moldávia logo após o fim da União Soviética, em 1990, mas o seu estatuto como estado autónomo nunca foi reconhecido. Cerca de 1500 soldados russos estão estacionados na região onde vive quase meio milhão de pessoas.
As principais queixas evocadas pelas autoridades pró-russas da Transnístria prendem-se com a imposição de tarifas alfandegárias pela Moldóvia, o bloqueio de exportações para o espaço europeu e restrições à importação de produtos essenciais, nomeadamente de medicamentos e equipamentos de saúde.