05 mar, 2024 - 17:39 • Miguel Marques Ribeiro com Reuters
A Rússia e a China estão a desenvolver planos para colocar uma central nuclear na Lua entre 2033 e 2035, afirmou esta terça-feira o chefe da agência espacial russa, Roscosmos.
Yuri Borisov esclareceu que este poderá ser o primeiro passo para a construção de uma base humana na Lua.
A Rússia e a China têm trabalhado conjuntamente num programa lunar, acrescentou o ex-vice-ministro da Defesa, para o qual Moscovo tem contribuído com a experiência acumulada no desenvolvimento de “energia espacial nuclear”.
Os painéis solares, por si só, não são capazes de fornecer eletricidade suficiente para abastecer futuras bases lunares, pelo que a energia nuclear surge como alterativa.
“Este é um desafio muito sério”, referiu o dirigente da Roscosmos, pois a sua construção terá que ser “feita em modo automático, sem a presença de humanos”.
Borisov também mencionou os planos russos para construir uma nave espacial de carga movida a energia nuclear. Ele garantiu que todas as questões técnicas relativas ao projeto foram resolvidas, nomeadamente o método para resfriar o reator nuclear.
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"Estamos a trabalhar num rebocador espacial. Esta enorme estrutura ciclópica seria capaz, graças a um reator nuclear e a turbinas de alta potência de transportar grandes cargas de uma órbita para outra, recolher detritos espaciais e trabalhar em muitas outras aplicações", disse Borisov.
As autoridades russas já falaram sobre planos ambiciosos de um dia explorar a Lua, mas o programa espacial russo sofreu uma série de reveses nos últimos anos.
A primeira missão lunar em 47 anos falhou no ano passado, depois da nave espacial Luna-25 ter saído de rota e acabado por cair.
Moscovo afirma que lançará novas missões lunares nos próximos anos e planeia desenvolver uma missão conjunta tripulada Rússia-China, em que se inclui a base lunar.
A China disse no mês passado que pretendia colocar o primeiro astronauta chinês na Lua antes de 2030.
Em fevereiro, os Estados Unidos denunciaram um plano de Moscovo para colocar armas nucleares no espaço. O presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou a alegação garantindo que era uma manobra para atrair a Rússia para negociações sobre armamento nos termos do Ocidente.