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A Semana de Nuno Botelho

Ucrânia já "decorre há demasiado tempo" para adiar criação de um exército europeu

09 mar, 2024 - 14:06 • André Rodrigues

Presidente da Associação Comercial do Porto diz-se preocupado com a soma de episódios que aumentam os receios de uma degradação da segurança europeia: no espaço de uma semana, disparou a tensão diplomática entre Moscovo e Berlim e o primeiro-ministro grego quase foi atingido por um bombardeamento russo, no porto de Odessa: "estamos cada vez mais metidos nesta guerra", alerta Nuno Botelho.

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A Europa "tem mesmo" de discutir a criação de um exército comum “capaz de fazer frente ao senhor Putin”, defende na Renascença o presidente da Associação Comercial do Porto.

No habitual espaço de comentário no programa ‘Manhã, Manhã’, Nuno Botelho mostra-se preocupado com a crescente tensão diplomática entre a Alemanha e a Rússia, depois da interceção de uma chamada telefónica entre oficiais do exército germânico que discutiam informação classificada sobre a guerra na Ucrânia, em que se incluía o apoio alemão a uma ação das forças de Kiev contra a ponte da Crimeia.

Os passos seguintes são clássicos de uma contínua troca de acusações entre o Ocidente e o Kremlin.

“A isto, eu acrescentaria o episódio que ocorreu com Zelensky e o primeiro-ministro grego no bombardeamento no porto de Odessa, a 200 metros do local onde eles estavam”.

Episódios que, para o empresário e jurista, confirmam a forma como “a Europa está cada vez mais envolvida na guerra, o que é, a todos os títulos, assustador”.

“Esta guerra existe no meio da Europa, decorre há demasiado tempo para nós não termos a necessidade de discutir, seja se a Europa se deverá armar para constituir exército, porque já percebemos que [Putin] não tem travão”, assinala Botelho.

Por outro lado, Nuno Botelho vê na adesão da Suécia, esta semana, à Aliança Atlântica, como mais um elemento que confirma “o medo que alguns países têm da própria Rússia”.

"Os americanos votam com o bolso"

A somar à equação, o presidente da Associação Comercial do Porto considera que o processo eleitoral norte-americano, com o confirmado e há muito aguardado confronto Biden-Trump será determinante para um atenuar, ou para uma agudização da segurança coletiva do lado europeu.

Tudo vai depender de quem vencer em novembro e, para os eleitores dos Estados Unidos, as tensões geopolíticas são residuais na hora de decidir o voto: “os americanos votam com o bolso, toda a gente sabe isso e, portanto, se a economia americana estiver bem, Biden terá hipótese de ganhar. Se não estiver bem, Trump irá ganhar para mal da Europa, que precisava de um aliado capaz de fazer pontes e capaz de manter o apoio à Ucrânia”.

Contudo, as declarações públicas de Trump sobre o conflito no leste europeu e o grau de compromisso expresso pelo ex-Presidente norte-americano e aspirante a um regresso à Casa Branca são resultado “de uma ignorância, de uma maneira de ver o mundo muito fechada, com a demagogia habitual de quem acha que não tem de proteger a Europa nem proteger o mundo”.

Norte da semana

António-Pedro Vasconcelos. “Deixou-nos na última quarta-feira, e eu estou à vontade, porque nem sempre concordei com algumas das suas posições públicas, nomeadamente quanto à TAP. Mas sempre lhe reconheci o seu caráter de integridade, generosidade, simplicidade. Foi sempre um homem simpático, acessível, humano. A sua qualidade cinematográfica está à vista e eu homenageio-o, até pelo filme em que, eu acho, ele fez uma das mais bonitas homenagens: Jaime (1999) que, a meu ver, a par com o Aniki Bóbó, são os dois grandes filmes de homenagem ao Porto. Vale a pena rever o ‘Jaime’, como homenagem ao António-Pedro Vasconcelos.

Desnorte da semana

Computadores das escolas sem manutenção. “É um alerta da Confederação das Associações de Pais, mostra preocupação com esta situação, porque está em risco a realização dos exames digitais. As condições técnicas nas escolas, mostram-nos como, de facto, seria necessário olhar de outra maneira para esta situação. Fica este alerta para o próximo Governo olhar de outra maneira para questões tão simples como a gestão do parque tecnológico das escolas. Se calhar, de uma forma mais descentralizada, por forma a que, localmente, sejam acauteladas estas questões. Estou em crer que assim seria mais fácil resolver estes problemas”

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