11 mar, 2024 - 16:02 • Lusa
Um tribunal paquistanês condenou à morte um estudante de 22 anos e a prisão perpétua um adolescente em dois casos distintos, depois de os ter considerado culpados de insultar o profeta Maomé. Os dois jovens negaram as acusações e ainda podem apresentar recurso.
Aslam Gujar, um advogado que representou o estudante Junaid Munir, disse à agência de notícias Associated Press (AP) que o juiz da cidade de Gujranwala, na província de Punjab, anunciou a pena de morte na semana passada. O julgamento teve origem em acusações sobre "conteúdos blasfemos" de Munir divulgados nas redes sociais, em 2022.
Também na semana passada, Abdul Hanan, de 17 anos, foi condenado e sentenciado a prisão perpétua num processo julgado pelo mesmo tribunal, de acordo com documentos judiciais consultados pela AP. O advogado e a família de Hanan não comentaram a sentença.
O pai de Munir, Munir Hussain, negou a acusação contra o filho afirmando que estava em contacto com uma "equipa jurídica" para apresentar recurso. "O meu filho está inocente e foi implicado num caso falso", disse Munir Hussain, que não revelou o local onde se encontra por motivos de segurança.
"Não posso dar qualquer informação sobre a minha localização exata, porque algumas pessoas da nossa aldeia pensam que eu também devia ser morto por ser o pai de um rapaz que alegadamente insultou o profeta", disse. "Nós somos muçulmanos. Adoramos o nosso profeta. Nenhum muçulmano pode sequer imaginar insultar o nosso amado profeta e o meu filho está inocente", acrescentou.
Ao abrigo das leis paquistanesas sobre a blasfémia, qualquer pessoa considerada culpada de insultar a religião ou figuras religiosas pode ser condenada à morte. Grupos nacionais e internacionais de defesa dos direitos humanos afirmam que as alegações de blasfémia têm sido frequentemente utilizadas para intimidar as minorias religiosas e para vinganças pessoais.
Em agosto de 2023, grupos de cidadãos muçulmanos atacaram igrejas e casas de cristãos na cidade de Jaranwala, na província oriental do Punjab, sob a alegação de que um homem cristão tinha profanado o livro sagrado do Islão, o Alcorão. A multidão demoliu a casa do homem, queimou igrejas e danificou dezenas de outras casas.
Em dezembro de 2021, centenas de pessoas invadiram uma fábrica de equipamento desportivo no distrito de Sialkot, matando um homem do Sri Lanka.
O corpo foi queimando publicamente, sob a alegação de blasfémia.