15 mar, 2024 - 16:01 • Marta Pedreira Mixão
Os pais de um atirador de uma escola do Michigan, nos Estados Unidos, que matou quatro estudantes, em novembro de 2021, foram condenados por homicídio involuntário.
Esta sexta-feira, o tribunal considerou o pai James Crumbley culpado por ter ignorado as necessidades de saúde mental do seu filho, de 15 anos, e por lhe ter comprado a arma semiautomática que utilizou no ataque ao Oxford High School.
O júri demorou pouco mais de um dia a tomar a decisão, depois de uma semana de julgamento.
James Crumbley e a sua mulher, que foi condenada pelas mesmas acusações, podem enfrentar uma pena máxima de até 15 anos de prisão. A sentença será conhecida a 9 de abril.
O caso remota a 2021, quando Ethan Crumbley, de 15 anos, levou uma pistola semiautomática para a escola e matou quatro colegas. O jovem declarou-se culpado e foi condenado a prisão perpétua sem possibilidade de ser libertado.
A procuradora Karen McDonald considerou o ataque "evitável e previsível" e defendeu que James Crumbley não tomou as medidas mínimas para garantir que o filho não constituía uma ameaça, depois de lhe oferecer uma pistola semiautomática como presente, dias antes do ataque.
Os procuradores também acusaram os pais de não terem feito o suficiente para lidar com o declínio da saúde mental do filho, relatando que, na manhã do dia do tiroteio, os dois pais participaram e abandonaram uma reunião escolar sobre um desenho perturbador que o jovem teria feito, recusando-se a levá-lo para casa.
Um professor descobriu desenhos de Ethan Crumbley retratando uma arma, uma bala e uma figura a sangrar ao lado das palavras "Sangue por toda parte", "A minha vida é inútil" e "Os pensamentos não vão parar — ajudem-me".
Perante a recusa dos pais de o levarem para casa, os funcionários terão enviado o jovem de volta para as aulas.
Ven Johnson, advogado dos pais de uma das vítimas, considerou que James e Jennifer Crumbley desempenharam um "papel causal" na morte dos estudantes. "Este veredito de culpado não vai trazer de volta a vida destes quatro estudantes, mas representa mais um passo no sentido de responsabilizar todos os que o podem ser ao abrigo da lei", afirmou.
Esta é a primeira vez que os pais de um atirador em massa são responsabilizados criminalmente.