20 mar, 2024 - 13:45 • Lusa
O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, confirmou esta quarta-feira que vai renunciar à chefia do governo de coligação de centro-direita e à liderança do partido democrata-cristão Fine Gael, afirmando que deixou de ser "a melhor pessoa para o cargo".
"Estou a deixar o cargo de presidente e líder do Fine Gael e demitir-me-ei do cargo de primeiro-ministro assim que o meu sucessor estiver em condições de assumir funções", afirmou o líder, de 45 anos, numa declaração à imprensa, invocando razões "tanto pessoais como políticas".
"Estou orgulhoso por termos feito do país um lugar mais igualitário e mais moderno", afirmou.
A decisão foi tomada após uma reunião realizada com o Conselho de Ministros e duas semanas depois da surpreendente derrota da proposta do Governo irlandês em dois referendos destinados a modernizar o conceito de família e o papel da mulher na sociedade.
Varadkar indicou que irá abandonar definitivamente o cargo antes das eleições gerais, que deverão realizar-se em março de 2025, embora tenha excluído a possibilidade de se candidatar, de acordo com fontes consultadas pela emissora irlandesa RTE.
O Fine Gael deverá eleger o sucessor de Varadkar em abril, com a sessão de investidura a ter lugar mais tarde no parlamento irlandês. A sua saída poderá levar a um aumento da tensão no seio da coligação.
O líder conservador assumiu as rédeas do Governo em dezembro de 2022, depois de dois anos como vice-primeiro-ministro no executivo de coligação com o centrista Fianna Fáil e o Partido Verde.
Segundo a emissora pública RTE, os três partidos da coligação não esperam que a demissão de Varadkar provoque eleições gerais antecipadas, provisoriamente marcadas para 2025.
O líder do Fine Gael, assumidamente homossexual e de origem indiana, foi eleito deputado em 2007 e já ocupou o cargo de primeiro-ministro (localmente denominado "taoiseach") entre 2017 e 2020.
Recentemente, Varadkar reconheceu que pretendia deixar a política quando completasse 50 anos. No entanto, a decisão de abandonar ambos os cargos apanhou de surpresa grande parte do seu grupo parlamentar, afirmaram analistas políticos.
Varadkar afirmou que as suas razões são "tanto pessoais como políticas" e que não tem planos concretos para o futuro, admitindo, porém, que tenciona continuar no parlamento como deputado.
Varadkar regressou recentemente de Washington, onde se encontrou com o Presidente norte-americano, Joe Biden, e com outros líderes políticos no âmbito da tradicional visita do primeiro-ministro irlandês aos Estados Unidos no dia de Saint Patrick, santo padroeiro da Irlanda.